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sábado, 15 de outubro de 2016

Minha família e eu

 



Minha família e eu


"Com o passar do tempo, a doença foi evoluindo e eu cada vez mais me afastando da família, que, aliás, já havia ficado em segundo plano, pois, os amigos dos bares eram mais importantes."
Durante minha ativa de alcoolismo jamais consegui distinguir o certo do errado. Minha mente vivia em constante guerra e desalinho com atitudes conturbadas que me levavam cada vez mais para o fundo do poço e lá ia eu vivendo em um mundo de ilusões e esperanças perdidas. Casei-me e para variar, bêbado, tanto é verdade que meu casamento estava marcado para as dezoito horas daquele sábado; eram dezessete e quinze quando meu irmão foi me buscar dentro do bar, participando de uma roda de pagode.
Com o passar do tempo, a doença foi evoluindo e eu cada vez mais me afastando da família, que, aliás, já havia ficado em segundo plano, pois, os amigos dos bares eram mais importantes. Meus dois filhos foram crescendo e eu sem tempo para acompanhar esse crescimento. Sempre tive bons empregos, só que nunca dei valor a isso também; sempre gastei mais do que ganhava principalmente com bebida, numa vida completamente sem domínio. Diante do fato de ganhar salários razoáveis dava muitos presentes aos meus filhos, porém, fui um pai ausente e os presentes eram agrados, justificativas e pretextos para eu beber à vontade, sem que ninguém, esposa e filhos me censurassem.
E assim fui caminhando em direção ao fundo do poço. Meu filho mais velho já não falava mais comigo; minha filha chegou até me dar uma bofetada no rosto! Imaginem então companheiros, a situação de minha mulher tendo que apoiar meus filhos e tentando me ajudar a sair daquela condição humilhante. Mas como me ajudar se eu mesmo não queria ajuda? Com a mente completamente fechada, trocando valores, não dava ouvidos àqueles que queriam me ver bem.
Quis um Poder superior a mim, que eu revertesse esse quadro desesperador. Um dia, já cansado de ser um bêbado, ser humilhado e fazer minha família passar humilhações, por livre e espontânea vontade resolvi procurar ajuda.
Ingressei nesta maravilhosa Irmandade regida por Deus: Alcoólicos Anônimos. Desde o primeiro dia admiti minha impotência perante o álcool. Esse programa de vida para a vida toda, um dia de cada vez vem operando verdadeiro milagre em mim, mas para isso tenho que manter minha mente aberta e estar vigilante as vinte e quatro horas do dia. Em recuperação, não só estou resgatando minha dignidade como também todos os valores que havia trocado.
E minha família? O que dizem ou acham? Minha mulher e meus filhos, tenho plena certeza que são eternamente gratos ao A.A. pelo que fizeram por nós pois, assim como eu, eles também não tinham nenhuma esperança dessa minha modificação. Alcoólicos Anônimos me reintegrou à família e à sociedade.
Gostaria de salientar que, só por hoje, não pretendo voltar a beber. Minha família e eu estamos vivendo em harmonia graças a este maravilhoso programa de recuperação de A. A.
Obrigado Senhor, obrigado A.A., obrigado companheiros e mais infinitas 24 horas de sobriedade a cada um de nós.
Elcio/Ocian/São Paulo
"Em recuperação, não só estou resgatando minha dignidade como também todos os valores que havia trocado."
Vivência nº 101 - Mai../Jun. 2006              Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA

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