CURTIR

quinta-feira, 13 de junho de 2019

"Sou .... e sou alcoólico!"...

https://www.youtube.com/watch?v=QJZKesvKL7o


Artigos Avulsos do Box459
Box 4-5-9, Primavera (março) 2012 (pág. 3-4)
Título original: ‘Me llamo… y soy alcohólico’.

Eis uma das frases mais ouvidas nas reuniões de A.A. em quase todos os lugares do mundo. Mas, de onde vem? Por que a dizemos? E, devemos continuar a fazê-lo?

Parece claro que a identificação é um conceito importante em A.A. Na realidade, podemos considerá-la a chave da filosofia de A.A. – um alcoólico ajudando a outro alcoólico.

Entretanto, por se tratar de uma Irmandade com grande variedade de sugestões, mas sem regras oficiais, é necessário que uma pessoa diga, como muitos dizem ao apresentar-se em uma reunião, que é alcoólica?

Nos primeiros anos de formação de A.A., Bill W., um de seus cofundadores, se debatia com a dúvida referente a esta questão e escrevia com frequência a respeito do dilema que enfrentavam os recém-chegados enquanto lidavam com a doença, talvez pela primeira vez e no contexto relativamente público de uma reunião de A.A.

Bill argumentava de forma incisiva que devia ser oferecida ao recém-chegado a maior liberdade possível para decidir como e quando se identificaria como alcoólico. Em um artigo escrito para a Grapevine com o título “Quem é membro de Alcoólicos Anônimos?” – artigo este que mais tarde iria formar a base da Terceira Tradição, Bill comentou: “Esta é a razão pela qual julgamos cada vez menos o recém-chegado. Se para ele o álcool é um problema incontrolável, e ele quer fazer algo a respeito, não lhe requeremos mais… Atualmente, na maioria dos Grupos, nem sequer é preciso dizer que é alcoólico. Qualquer um pode-se juntar a A.A., apenas suspeitando que seja alcoólico ou que já perceba os sintomas mortais da nossa doença”.

Bill esclareceu ainda mais sua opinião nas palavras que aparecem no folheto “As Doze Tradições ilustradas” (Junaab, código 106, R$ 6,00), na seção que trata da Terceira Tradição: “Quem decide se o recém-chegado é ou não qualificado? Se quer mesmo parar de beber? Ninguém, obviamente, exceto o próprio recém-chegado; todos os demais simplesmente têm que aceitar sua palavra. Na realidade, ele não tem sequer que afirmar isso em voz alta. E isso foi uma sorte para muitos de nós, que chegamos em A.A. apenas com um vago desejo de ficarmos sóbrios. Estamos vivos porque o caminho de A.A. se manteve aberto para nós”.

Ao se apresentar para falar, Bill W., muito raramente - para não dizer nunca, se identificava como alcoólico, e não há nada na literatura de A.A. aprovada pela Conferência (EUA/Canadá), que indique como os membros devem apresentar-se nas reuniões de A.A., nem sequer que seja necessário fazê-lo. Entretanto, nos dias de hoje, pode haver momentos muito tensos nas reuniões quando um membro não se apresenta como “alcoólico/a” ou, mais tensos ainda, quando se complementa essa identificação com palavras tais como “sou um alcoólico cruzado”, “sou adicto” ou “alcoólico e dependente de outras drogas”.

Muitos membros acreditam que essas complementações são preocupantes porque podem representar uma ameaça à nossa unidade e unicidade de propósito. Em um artigo publicado em janeiro de 1990 na revista Grapevine, Rosemary P., antiga delegada de Pittsford, Nova York, escreveu: “Quando em um evento de A.A. digo que sou ‘alcoólica e dependente de outras drogas’ ou ‘dependente cruzada’, estou-lhes dizendo que sou um caso especial de bêbada, que meu alcoolismo é diferente do seu. Estou dando uma dimensão extra à minha doença – dimensão esta que, dada a unicidade de propósito, não é apropriado mencionar em uma reunião de A.A. Quebrei nosso vínculo pela metade e, mais importante ainda, diluí meu próprio propósito para estar ali”.

Mas, de onde veio este costume de identificar-se como alcoólico/a e como acabou por se gravar tão indelevelmente na paisagem de A.A. do século XXI?

Da mesma maneira que em outros assuntos relacionados com A.A., ninguém sabe com segurança qual foi a origem deste costume e já com muito poucos pioneiros ainda entre nós, poucos são aqueles que podem oferecer alguma pista plausível, e além destas pistas, há apenas especulações.
Continua...


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