CURTIR
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
A força nascendo da fraqueza
Pode-se perceber, com nitidez, que nos tempos atuais a tecnologia que desponta se apresenta como uma nova divindade. Uma tecnologia fascinante que aproxima pessoas e eventos distantes, mas que por vezes separa aqueles que estão próximos. Um paradoxo contemporâneo que já nos habituamos como um reflexo da modernidade ou como algo muito normal.
Cada vez mais as máquinas se tornam interativas e o contato pessoal mais distante. O perverso e doentio desta nova ideologia é que somos levados a aceitar como naturais e verdadeiros os valores que estão nos objetos externos.
Observamos que dentro do atual espírito consumista os remédios compensam qualquer dificuldade, as drogas e o álcool substituem o contato e o conforto humano. Pois é justamente o contato interpessoal, esta relação intersubjetiva, que se constitui, em Alcoólicos Anônimos a base de nossa recuperação.
Pode-se, em principio, ter a impressão que a nossa Irmandade está na contramão da história, quando na realidade é a sociedade atual que se encontra na contramão do bom senso e da sanidade. A nossa época já foi definida por um historiador como a “Era do Narcisismo”. Uma sociedade de pessoas egocêntricas e solitárias.
Na minha vida o alcoolismo se tornou um mergulho para dentro de mim mesmo, não com o sentido de reflexão e autoconhecimento, mas com a característica de isolamento e solidão.
Eu me sentia em constante contraste com a sociedade de um modo geral. Era antes de tudo um solitário limitado pelas minhas próprias contradições. Tinha uma personalidade em constante conflito comigo mesmo e com o outro e desta forma o álcool se tornou um anestésico para camuflar esta realidade e uma muleta para compensar minhas inadequações.
Havia me tornado um ser atormentado por desejos ardentes e tristes pesares. Sentia, diante da vida, uma fraqueza, sem força para me reerguer.
Meu ingresso em Alcoólicos Anônimos possibilitou-me verdadeira transformação na situação em que me encontrava. Da fraqueza nasceu a força que tanto necessitava através do acolhimento e carinho tão característicos em quaisquer grupos de A.A., os quais me encantaram desde o primeiro momento.
Percebi que se tratava de uma Irmandade muito especial. Um grupo com um propósito comum no qual aprendi a conviver com o outro. A conviver com as diferenças. As diferenças que caracterizam uma sociedade verdadeiramente democrática. Convivemos com diferentes pessoas respeitando os seus respectivos valores e suas maneiras próprias de encarar a vida.
Em A.A. temos a oportunidade de conhecer pessoas diversas, com personalidades distintas, com experiências alcoólicas bastante pessoais, mas que almejam um único objetivo comum: a libertação de servidão que o alcoolismo impõe.
Como Dr. Bob ressaltou: “O álcool é um grande nivelador de pessoas e A.A. também.” Nossa quinta tradição estabelece que A.A. tem um único propósito primordial o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
Bill declara em um artigo de 1946: “O primeiro registro por escrito da experiência de A.A. foi o livro Alcoólicos Anônimos, que abordou o âmago do nosso maior problema a libertação da obsessão pelo álcool”.
A questão que se põe, no entanto é: Qual é a função primordial do hábito de beber de forma obsessiva?
Antes de obter o prazer, a finalidade principal é a de evitar em pensar e a de evitar o sofrimento. O Alcoolismo é então uma tentativa de não sentir a dor existencial. É uma negação da própria condição humana.
É compreensível, portanto que o alcoólico ao negar, em principio, seu próprio alcoolismo expresse, de forma subjacente, uma fragilidade e um temor ao sofrimento, um sofrimento que no meu caso antecedeu o hábito de beber. Percebendo este quadro senti a necessidade de entrar em ação para reverter aquele ciclo vicioso. Precisava adquirir uma força partindo da minha própria fraqueza.
De inicio uma noção da realidade: a consciência da impotência diante da obsessão pelo álcool e a aceitação de que apesar de ser uma doença incurável é perfeitamente tratável, podendo, portanto ficar inteiramente sob controle.
E assim, a partir do Primeiro Passo, adquiri a força necessária seguindo as sugestões do mesmo.
Vivo o presente dentro do plano pessoal faço uma releitura do passado tentando tirar o melhor proveito das circunstâncias, ainda que adversas.
Esta atitude permite nortear a minha ação em uma base segura para o futuro.
Enfim, passado, presente e futuro podem ser vivenciados dentro do plano das 24 horas. É um plano simples e singelo, mas que funciona.
Como sempre é enfatizado em nossas reuniões: “Basta fazer certo que dá certo”.
Richard/Rio de Janeiro/R.J. Vivência nº111 – Janeiro/Fevereiro/ 2008. Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
A ambição pessoal não tem lugar em A.A.
"Amigos se afastaram, perdi um casamento que tinha chances de ser saudável, perdi o melhor emprego que tive; Perdi totalmente o domínio da minha vida"!
Desde que me dediquei profundamente a assistir reuniões diárias em A.A. e a realmente reconhecer a natureza exata das minhas falhas deparei-me com a confirmação da perversa ambição que alimentara meus vinte anos de alcoolismo.
As idéias nas quais acreditava me ditavam que a felicidade deveria estar nas coisas fora de mim, tais como posição profissional, carro, casa de campo e claro, nas garrafas de bebidas importadas que habitavam meus sonhos grandiosos.
Assim percorri a trilha do sucesso, atropelando valores de boa conduta, manipulando colegas de trabalho, sendo desonesta, roubando e destruindo códigos morais e espirituais.
Minha personalidade começou a se deformar aos 13 anos, quando iniciei a bebedeira e então, além dos porres alcoólicos, eu tinha os porres do sucesso. Minha ambição sempre me levou ao topo e quando lá chegava, tornava-me uma pessoa insuportável, tamanha a arrogância e a grandiosidade. Fazia dos meus colegas de trabalho os meus súditos. Mostrava-me empenhada e dedicada aos meus chefes e, ao garantir a confiança deles, praticava atrocidades perversas. Eu trazia comigo uma visão tão deturpada de mim mesma que considerava serem as minhas necessidades as mais importantes de toda a humanidade.
Depois de conquistar o poder, tornava-me ainda mais insaciável e terrivelmente ambiciosa. Era tão escrava da minha ambição que esquecia até mesmo de investir o dinheiro que ganhava em projetos duradouros, gastando-o em superficialidades, alegando que a felicidade citada anteriormente já estaria reservada para mim, sem qualquer sacrifício. Ela cairia do céu, assim que eu ordenasse. Eu realmente acreditava nisso.
O final da minha ativa me trouxe o resultado da minha ambição pessoal: nada foi construído material ou afetivamente. Tornei-me uma alcoólica totalmente isolada no meu egocentrismo. Amigos se afastaram, perdi um casamento que tinha chances de ser saudável, perdi o melhor emprego da minha vida, além de ter a faculdade interrompida. Resumindo: Perdi totalmente o domínio da minha vida.
Quando me rendi ao Programa de A.A., vi o quanto precisava para me modificar internamente e não apenas tampar a garrafa. No início, contentava-me com o fato de estar conseguindo evitar o primeiro gole, mas sabia da necessidade da transformação profunda.
Cheguei querendo os mesmos reconhecimentos que obtive na ativa, contudo não os obtive em A.A., graças à sobriedade de companheiros antigos que me alertaram para o cuidado que deveria ter sobre minha prepotência, pois ela me faria voltar a beber, caso eu a alimentasse.
Os mais antigos me ensinaram que para haver de fato uma reformulação de vida, eu deveria encontrar o sucesso na minha derrota, ou seja, na admissão da minha impotência perante o álcool e não esperar louros e aplausos pelos títulos lá de fora, tão bem guardados pela minha vaidade.
Assim venho caminhando a recuperação, onde me coloco em estado de alerta todas as vezes que meu ego se inflama ao ser elogiada por algumas atitudes positivas dentro do grupo ou quando meu depoimento é citado como referência durante uma reunião. Só eu sei onde os elogios me levaram um dia e para esse lugar insano que eu não quero mais voltar. Renuncio as glórias e as ambições desgovernadas, só por hoje.
Aprendi a ter coragem para modificar as coisas que posso, por mais agradáveis que pareçam. Meu alcoolismo foi alimentado por coisas agradáveis e fáceis e por isso tornei-me uma pessoa mimada e imatura. Sei que se eu continuar colocando à frente os meus instintos desvirtuados, acabarei indo ao primeiro gole e farei da minha vida uma maratona até a morte.
É vital para minha recuperação que além de evitar o primeiro gole, eu também evite a ambição pessoal que me fez escrava dos meus caprichos.
A.A. é o único caminho onde percebo claramente que não há espaço para a ambição pessoal, haja vista a reunião de serviços, sempre pautada em atender a decisão da consciência coletiva; visando o bem estar comum, fortalecendo o propósito comum de uma irmandade que existe desde 1935, lapidando personalidades destruídas pelo álcool e contribuindo assim, não só para o crescimento individual de seus membros, como também para que nos tornemos pessoas construtivas na sociedade em que vivemos."
Juliana/Rio de Janeiro/RJ
Quando me rendi ao Programa de A.A., vi o quanto precisava para me modificar internamente e não apenas tampar a garrafa.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Devagar com o Andor - por Bill W.
Alcoólicos Anônimos não é uma religião, nem um tratamento médico, tampouco pretende alguma perícia quanto às motivações inconscientes do comportamento humano. Essas são realidades que freqüentemente esquecemos. Aqui e acolá, ouvimos membros proclamarem que A.A. é uma nova e grande religião. Além disso, temos a tendência de menosprezar o suporte da medicina. O fato da psiquiatria não ter conseguido, ainda, levar à sobriedade muitos alcoólatras, nos inclina a falar dessa profissão com palavras nada agradáveis. Uma vez mais, esquecemos que devemos a nossa própria existência à religião e às artes médicas. Na formação de seus princípios e posturas fundamentais, A.A. se apropriou muito desses recursos. Eram nossos amigos, sobretudo, os que nos facilitavam os princípios e posturas que hoje nos permitem viver e progredir. Por isso, todos devemos reconhecer o grande mérito desses amigos. Conquanto seja verdade que nós, os bêbados, criamos Alcoólicos Anônimos, outras pessoas nos proporcionaram todos os ingredientes básicos. Nesse caso, em especial, nossa máxima deve ser:"Sejamos amistosos com os nossos amigos".
A história da raça humana nos ensina que quase todos os grupos de homens e mulheres tendem, com o tempo, a ser dogmáticos; suas crenças e costumes vão se cristalizando e, às vezes, acabam se tornando rígidos. Essa é uma evolução natural e praticamente inevitável. Todo mundo, é claro, deve obedecer a voz de suas convicções. E nós, AAs, não constituímos uma exceção. Ademais, todos devem ter o direito de expressar suas convicções. Este é um bom princípio e um dogma salutar. Porém, o dogma também tem suas desvantagens. Pelo fato de termos algumas convicções que nos dão bons resultados, acreditamos que temos toda a verdade. Se permitirmos que se manifeste esse tipo de arrogância, forçosamente acabamos procurando nos impor, exigindo que as pessoas estejam de acordo conosco. Atribuímos nossas convicções a Deus e isso não é um dogma salutar. É um dogma insano. Ao incorrermos nesse erro, o efeito em nós pode ser devastador.
Temos, a cada ano, dezenas de milhares de recém-chegados. Representam quase todas as crenças e posturas que possamos imaginar. Temos ateus e agnósticos. Temos gente de quase todas as raças, culturas e religiões. Pressupõe-se que em A.A. estamos vinculados por uma afinidade derivada do nosso sofrimento comum. Portanto, devemos considerar de suma importância a liberdade incondicional da adesão a qualquer crença, teoria ou terapia. Por conseguinte, nunca devemos tentar impor a ninguém nossas opiniões pessoais ou coletivas. Devemos ter, uns pelos outros, o respeito e o amor que cada um ser humano merece à medida que se esforça para aproximar-se da luz. Tentemos sempre ser inclusivos e não exclusivos. Tenhamos sempre presente que todos os nossos companheiros alcoólicos são membros de A.A enquanto assim o disserem.
Alguns dos perigos mais notórios que nos ameaçam sempre terão a ver com o dinheiro, com as controvérsias internas e com a tentação perene de buscar descabeladamente, tanto no mundo exterior quanto dentro de nossa Comunidade, as honras, o prestígio e o poder. Hoje vemos o mundo desgarrado por forças insubmissas. Como bebedores, temos sido mais suscetíveis do que as demais pessoas a essas formas de destruição. Por essa experiência, graças a Deus, temos - e espero que prossigamos tendo - uma clara e profunda conscientização de nossa responsabilidade de melhorar.
Entretanto, não devemos deixar que o temor que sentimos diante dessas forças nos engane, de maneira que fiquemos inventando justificações absurdas. O medo de acumular riqueza ou de montar uma torpe burocracia, não deve servir de pretexto para não cobrir nossos legítimos pasto de serviço. O temor à controvérsia não deve causar que, quando surgir a necessidade de um debate aquentado e uma ação resoluta, nossos líderes se comportem com timidez. Tampouco deve o temor pelo acúmulo de prestígio e poder impedir-nos de conceder a nossos fieis servidores a autoridade apropriada para atuar por nós.
Não temamos jamais as mudanças necessárias. Naturalmente, teremos que saber distinguir entre as mudanças que conduzem à melhoria e as mudanças que nos levam de mal a pior. Quando se faz bem evidente a necessidade de mudar, pessoalmente, no grupo ou em A.A. como um todo, já faz tempo que nos demos conta de que não podemos permanecer quietos e fazer vista grossa. A essência de todo progresso é a boa disposição para fazer as mudanças que conduzem ao melhor e, em seguida, a resolução de aceitar quaisquer responsabilidades que advenham dessas mudanças.
Para concluir, vale comentar que, na maioria dos aspectos de nossa vida, nós, AAs, temos podido fazer progressos substanciais quanto à nossa vontade e à nossa capacidade para aceitar, e cumprir, as nossas responsabilidades (...).
Ao dar uma olhada no futuro, vemos claramente que uma boa vontade cada vez mais profunda será a chave do progresso que Deus espera que façamos na medida em que caminhemos até o destino que Ele nos tem reservado.
(Artigo escrito por Bill W. para a Grapevine de julho de 1965
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
GRUPO UNIÃO 25 ANOS TRANSMITINDO A MENSAGEM DE AA
ENCONTRO DAS MULHERES
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Fwd: AONDE ENCONTRAR UM GRUPO DE A.A.
De: JUNAAB - Escritório de Serviços Gerais <cati@alcoolicosanonimos.org.br>
Data: 11 de outubro de 2012 09:26
Assunto: AONDE ENCONTRAR UM GRUPO DE A.A.
Para: grupodeaa.aracas@gmail.com
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terça-feira, 9 de outubro de 2012
PROBLEMAS COM A BEBIDA?
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Evitando Tempestades
1oº PASSO – “Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.”
Vou recorrer à história para falar um pouco da minha experiência com o Décimo Passo.
O terremoto de Lisboa em 1755 é considerado a maior tragédia natural até hoje vivida pela Europa. Milhares de mortos. E da pergunta de Dom José, Rei de Portugal à época, ao Marquês de Alorna, General D'Almeida: E agora, o que fazer?
Veio a sábia resposta: “Agora Majestade, é enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”. É a partir desta resposta que vou traçar meu paralelo com o Décimo Passo, pois é exatamente isso que acredito devemos fazer na prática deste Passo. Enterrar os mortos, não ficar imaginando como seria se eu não fosse alcoólico, se meu passado fosse diferente, se isso, se aquilo (armadilha do “se”) não tivesse acontecido, nem ficar tentando entender as razões mais profundas de minhas crises passadas.
Enterrar os mortos para cuidar dos vivos, significa cuidar do que sobrou, do que existe de concreto, de real.
Fechar os portos significava para eles à época impedir que novas epidemias chegassem, pois eram os navios que chegavam aos portos que traziam epidemias, saques, bandidos, etc. e para mim significa praticar os Passos para evitar nova tragédia no alcoolismo.
Portanto, praticar o Décimo Passo é fechar os portos e, porque não, as portas para uma recaída, seja ela física, emocional ou espiritual.
A tempestade passou; cuidamos dela até o Nono Passo; agora é criar condições para evitar novas tempestades e criar uma base sólida de desenvolvimento emocional e espiritual para que possamos vir a ser um ser humano íntegro, útil e, acima de tudo, merecedores de uma nova vida.
No Décimo Passo começamos a praticar o modo de vida de A.A. Além de dar manutenção ao que já foi realizado nos Passos anteriores, agora precisamos de muita vigilância para não deixar acumular ações negativas.
Aprendemos a conservar o que alcançamos, ficamos mais confiantes e prosseguimos nossa viagem espiritual com alegria.
Os nove primeiros Passos puseram nossa casa em ordem e nos permitiram mudar alguns de nossos comportamentos destrutivos.
A prática dos Passos começa a valer a pena quando aumentamos nossa capacidade de desenvolver meios novos e mais saudáveis de cuidar de nós mesmos e de nos relacionar com os outros.
Por em prática os Passos ajudounos a ver como somos frágeis e vulneráveis, mas com a prática diária desses Passos começamos a sentir que somos capazes de alcançar e manter nosso novo equilíbrio.
Nossas habilidades de relacionamento melhorarão e veremos como nossas interações com os outros assumem nova qualidade.
O Décimo Passo mostra o caminho para o contínuo crescimento espiritual. No passado, tínhamos o fardo constante dos resultados de nossa falta de atenção no que fazíamos. Deixamos pequenos problemas tornarem-se grandes, ignorando-os até se multiplicarem. Deixamos nosso comportamento ineficiente criar confusão em nossas vidas.
No Décimo Passo, conscientemente examinamos nossa conduta diária e admitimos o que encontramos de errado.
Precisamos não nos julgar com severidade excessiva. Precisamos reconhecer que nossa educação emocional e espiritual requer vigilância diária, compreensão carinhosa e paciência.
A vida nunca é estável; muda constantemente e a cada mudança exige ajustes e desenvolvimento.
O inventário pessoal é um exame cotidiano de nossas forças e fraquezas, das ameaças e oportunidades que o mundo nos propicia, é um exame de nossos motivos e de nossos comportamentos.
Fazer o inventário diário não é uma tarefa demorada, em geral não se gasta mais do que 15 minutos para a sua prática e pode ser feito em qualquer lugar. Temos que ter disciplina e regularidade, pois o comodismo pode nos afastar dele. É importante nos vigiar para verificar se estamos enviando sinais de que estamos voltando aos velhos hábitos.
A prática diária do Décimo Passo conserva a nossa sinceridade e humildade e nos permite continuar nosso desenvolvimento. O inventário pessoal nos ajuda a descobrir quem somos, o que somos e para onde vamos.
No século XVIII os problemas externos chegavam pelos portos. Fechar os portos para dar foco e cuidar do que sobrou dos vivos.
Para nós hoje, fechar os portos significa que a vida é daqui para frente. Ao fecharmos os nossos portos para novos saques, para os abutres (ressentimento, mania de grandeza, arrogância, autopiedade, prepotência, etc.) estamos cuidando de nossa vida atual. E, como sabemos, se quisermos viver bem o amanhã, temos que cuidar bem do hoje.
A tempestade passou, agora é deixar o passado onde ele deve estar, ou seja, no passado, e cuidar do hoje, que é o que realmente existe.
Este é o meu entendimento e a idéia que faço hoje do Décimo Passo.
Agradeço a todos os companheiros pela minha sobrevivência ao alcoolismo e à Revista Vivência pela oportunidade de compartilhar meu ponto de vista.
Obrigado!
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Como as crianças nos enxergam quando estamos bêbados
Comercial da ONG Fragile Childwood mostra como os monstros da imaginação, se transformam em realidade para muitas crianças quando os adultos estão bebados. O filme foi criado pela agência Euro RSCG Helsinki e demonstra que a maior ameaça para as crianças pode estar dentro de casa.
É bom lembrar que problemas com álcool pode se transformar na doença alcoolismo, que tem solução.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Todos tem direito à recuperação
Terceira Tradição - O Ingresso em A.A.
“Todas as Tradições foram criadas pelo método da experiência e erros; sob essa Tradição estão todas as tentativas fracassadas de impor outras exigências, até mesmo, por exemplo, a intranqüilidade manifestada pelo Dr. Bob acerca da admissão de mulheres, quando apareceram as primeiras.” (Linguagem do Coração, página 94).
Tal como apareceu no prefácio da primeira edição do livro Alcoólicos Anônimos em 1939: O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar de beber.
Mas levou um longo tempo para A.A. tornar-se realmente democrático. Quando pela primeira vez uma grande publicidade entrou em nosso caminho, ficamos apavorados e falávamos entre nós mesmos: “Não aparecerão todos os tipos de pessoas? Complicações, vocês sabem, o álcool misturado com outras coisas”. Naqueles dias nós estávamos sempre falando sobre um personagem mítico chamado alcoólico puro, sem complicações, vocês entendem, apenas um bêbado. E por isso, quando novos membros começaram a chegar nosso medo aumentou. Perguntávamos: Não aparecerão pessoas esquisitas, criminosas ou socialmente indesejáveis? Confusos e com uma certa quantidade de esnobismo e convencimento, ficamos realmente com medo.
Simplesmente não sabíamos o que ou quem apareceria. Por causa de todos esses temores e intolerância: “Em certa época havia tantas regras para tornar-se membro, que se todas elas tivessem sido impostas, realmente ninguém poderia ingressar em Alcoólicos Anônimos. Mas à medida que nossos temores e intolerâncias desapareceram, finalmente dissemos para nós mesmos: “Quem somos nós para impedir ou mesmo dificultar que alguém ingresse em A.A.?” Se para muitos bêbados desesperados, Alcoólicos Anônimos é a corte de sua última apelação. Como podemos nós os alcoólicos em recuperação, querer fechar a porta para alguém que quer entrar e se recuperar? Não, não podemos nunca fazer isso. Nem mesmo com a finalidade de proteger, que não queremos e nem podemos levantar a menor barreira entre nós e os nossos companheiros e companheiras ainda prisioneiros nas garras do alcoolismo. Jamais podemos ser intransigentes com eles e elas. Temos é que entrar na caverna escura aonde eles se encontram, e demonstrar que os compreendemos. Nos damos conta de que eles são demasiadamente débeis e confusos para transpor obstáculos. E se os deixarmos sozinhos em seu caminho, é possível que não se aproxime de nós e pereça. “Pode se ver privado de sua oportunidade.” Portanto, precisamos correr o risco, não importa quem venha. Qual de nós realmente se atreve a dizer: “não, você não pode entrar”, assumindo assim, o papel de juiz, jurado e talvez carrasco, de seu próprio companheiro ou companheira ainda doente? A Terceira Tradição é uma declaração geral, ela abrange muitos aspectos. Muitos membros da Irmandade, pode considerá-la demasiado idealista e pouco prática. Mas Bill W. a chamou de Tradição Universal; e a classificou como sendo o “alvará de liberdade” para todos os alcoólicos e alcoólicas do mundo, que tenham o desejo de se libertarem das garras do alcoolismo. Todos nós que hoje estamos sóbrios em Alcoólicos Anônimos, sabemos e bem o que é ser um prisioneiro de sua majestade o álcool.
Sabemos por exemplo, que o álcool transformado em voraz credor, nos esvaziou de toda essa auto-suficiência e de toda nossa vontade em resistir às suas exigências; e assim decretou a nossa falência como seres humano. Eu não tenho um conhecimento preciso sobre o assunto “alvará de liberdade”, e talvez nem devesse estar colocando-o neste trabalho, mas a intenção é apenas fazer uma pequena analogia entre os “alvarás” citados. Pelo que já ouvi, li e entendi; o “alvará de liberdade” é um documento expedido por um Juiz determinando que se liberte alguém que está preso judicialmente. O Juiz manda alguém redigir o documento, que após lido e aprovado, é encaminhado para alguém que tem a responsabilidade de cumpri-lo (de libertar o beneficiado ou a beneficiada) sem questioná-lo. E o que pude observar de diferente é que no judiciário o “alvará de liberdade” é uma ferramenta jurídica, usada pelos juízes para conceder liberdade a uma determinada pessoa que está prisioneira da justiça. Ao passo que a Terceira Tradição de Alcoólicos Anônimos é uma das ferramentas espirituais que o Poder Superior concebeu, para permitir que todos os alcoólicos e alcoólicas do mundo inteiro, tenhas quantas oportunidades que eles ou elas precisarem e quiserem para se recuperarem do alcoolismo. Pois em Alcoólicos Anônimos todos, absolutamente todos os alcoólicos e alcoólicas tem o direito inalienável à recuperação, à liberdade.
Esse direito é conferido pela Terceira Tradição de A.A., e deveria ser cumprido integralmente pó todos os Grupos de Alcoólicos Anônimos. Mais uma vez aquela pergunta já feita, mas que todos os membros de A.A., principalmente os servidores de confiança, deveriam fazer sempre para si mesmos e para seus Grupos: “Quem somos nós para impedir ou mesmo dificultar que alguém ingresse me Alcoólicos Anônimos?” Quando falamos em impedir, não estamos falando que exista Grupos ou membros que vá autoritariamente barrar a entrada de alguém na Irmandade. Até por que: Estamos falando de alcoólicos em recuperação, além do que : “Somente uma autoridade preside, em última análise ao nosso propósito comum – um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos lideres são apenas servidores de confiança, não tem poderes para governar.” E se acreditamos realmente nisso, precisamos colocar em prática sempre. Mas para isso é necessário que cada membro de A.A. estando ou não em serviço, cumpra seu dever ajudando o Grupo a cumprir seu propósito primordial. O de transmitir a mensagem, permitir a todos os alcoólicos e alcoólicas, o direito de participar de quantas reuniões eles quiserem, sem que coordenadores de reuniões ou outros membros fiquem a todo momento perguntando ou mesmo falando sobre ingresso.
As experiências obtidas através dos anos e condensadas na Terceira Tradição diz: “Você será um membro de A.A. se assim o quiser.” Não importa o que tenha feito ou o que ainda venha a fazer, você é um membro de Alcoólicos Anônimos contando que você o diga. “Não tememos nem um pouco que você nos faça mal, por mais perverso e violento que você seja. Você tem o direito de declarar-se dentro da Irmandade; e ninguém poderá mantê-lo de fora, por mais baixo que tenha chegado, por mais grave que sejam suas complicações emocionais e até mesmo seus crimes; “Não podemos negar-lhe Alcoólicos Anônimos. Não podemos negar-lhe o direito à recuperação, à liberdade. Queremos apenas ter certeza de que você terá a mesma oportunidade de chegar à sobriedade que nós tivemos.”
Portanto, SEJAM TODOS BEM-VINDOS!
Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
“AQUELES MARAVILHOSOS DOZE PASSOS “
Pelo Dr. Harry Emerson Fosdick
(Uma interpretação dos Passos por um acadêmico eminente que não foi um dos nossos, porém sempre foi um conosco.)
Não foram teorias complicadas e teológicas acerca de Deus as que escreveram os Doze Passos de A.A. Eles foram forjados na dura rocha da experiência de homens que se encontravam em desesperada ecessidade. Entretanto, falando como um clérigo que nunca foi alcoólico, eu leio aqueles Doze Passos com profunda admiração intelectual. Eles estabelecem com suficiente clareza e concisão as verdades essenciais, tanto psicológicas quanto teológicas, que formam a base de uma possibilidade de transformação de caráter.
O alcoólico não é a única pessoa que chega a ponto de ter que admitir que é impotente para dirigir sua vida. Nesse ponto, sou levado a uma crise nervosa. Completamente derrotado, em um sanatório, minha força de vontade em tal estado que quanto mais me tratava pior me encontrava, tive que admitir que minha vida tornara-se ingovernável. Foi então quando vi minha incapacidade de salvar a mim mesmo, quando desesperadamente dei as boas-vindas a um Poder proveniente do exterior de meu próprio ser. Quando li o Segundo Passo, “Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sobriedade”, senti que acertara na mosca do meu problema.
Os Doze Passos de A.A. não são válidos somente para os alcoólicos. São verdades básicas e universais. Isto se aplica a Robert Louis Stevenson quando se transformou de uma vida irresponsável em propósito e sem destino, numa vida vigorosa e plena de propósitos, e relacionou essa mudança com “aquele piloto desconhecido que nós chamamos de Deus”.
Para uma vida sã e sensata há duas técnicas indispensáveis. A primeira é a força de vontade, isto é, pondo todo nosso esforço e lutando para sobrepujar as dificuldades. A segunda é uma atitude receptiva, a hospitalidade a um poder que está além de nós, ao que o apóstolo Paulo chamava ser “fortalecido por um poder que vem de seu Espírito para o homem interior”. A primeira maneira é como a fruta de uma árvore; a segunda é como a raiz da árvore. Depois de muitos anos atuando como conselheiro pessoal, estou seguro de que, tarde ou cedo, cada vida passa por alguma experiência que a primeira técnica não pode suprir e a segunda técnica se converte em uma necessidade crítica.
Aqui, novamente, os Doze Passos estabelecem uma verdade universal. Por certo, devemos fazer uso de todas as nossas forças, mas apenas o esforço físico não é suficiente; é essencial receber o ar, a comida, a luz do sol. Minha fé religiosa básica é que, assim como ao redor do nosso organismo, há um universo físico do qual nos chega a força revitalizadora, assim também ao redor de nossas almas há uma Presença espiritual em cuja companhia nossas vidas podem ser sustentadas e transformados nossos caracteres. Por isso, o Décimo Primeiro Passo, “Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus...”, descreve uma necessidade universal.
Sem dúvida, em certas ocasiões se encontra um homem com tanta confiança em si mesmo e em seu vigor que crê não necessitar de força distinta a de sua própria vontade.
Ele gosta de citar o “Invencível” de Henley: “Eu sou o dono do meu destino. Eu sou o capitão da minha alma”. Isso pode soar esplêndido, mas não esqueçamos o que a história nos conta sobre Henley. Ele tinha um amigo que o conhecia intimamente e, portanto sabia como em determinadas ocasiões era tão débil como a água em se tratando da tentação da carne. Um dia, o tal amigo citou o verso ao próprio Henley, “Eu sou o capitão de minha alma”, e logo acrescentou, “E que tão mal capitão, maldita seja.”
Muitos homens, orgulhosamente confiantes de que por si mesmos podem dirigir os seus destinos, necessitam que se lhes diga: Não! E para isto os Doze Passos caem como uma luva.
Posso imaginar determinado tipo de pensador teológico que levanta uma sobrancelha ao ter aquela frase em letras cursivas que se tem quê ler duas vezes, “Deus como nós O concebemos”. Eu a aplaudo. Ela é mais que uma expressão de tolerância que faz possível aos católicos, protestantes e judeus unirem-se na prática dos Doze Passos. Uma vez mais, encontra-se envolvida uma verdade indispensável e universal.
De Deus pode-se pensar que é o Ser Absoluto. Mas, em uma crise, quando o homem luta contra um hábito ingovernável ou uma doença abismal, o Ser Absoluto pode parecer distante, frio e inútil como o homem na lua. O que necessitamos numa crise é um Deus próximo. Deus como nós O entendemos, Deus como uma fonte disponível ao alcance de nossas mãos, nosso Amigo invisível, nosso Companheiro tão evidente. Certamente que todas as nossas idéias diferentes e parciais de Deus são inadequadas! Mas qualquer um que, por causa do álcool ou qualquer outra razão, passou pela experiência dos Doze Passos pode entender, quando menos minimamente, algo do que o salmista quis dizer quando escreveu: “Oh, Deus, Tu és o meu Deus”.
Faz algum tempo, escutei um homem falar sobre Deus. Não foi dogmático, nem fanático em sua maneira de falar. Mas era indefinido. Havia estado em um abismo de imoral Idade que o levara ao desespero. Todos os seus amigos pensavam que não haveria solução. E nesta desalentada situação, conquanto sempre tivesse se considerado agnóstico, se atirou de braços abertos a qualquer Deus que pudesse existir e algo aconteceu. Não conheço melhor descrição para o que ocorreu do que a frase de que se utilizou Virgílio quando conduziu Dante do inferno, através do purgatório, e o deixou na porta do paraíso, dizendo, “Sobre ti coloco a coroa e a mitra”.
Assim, este homem que estava desesperado, pôde levantar-se, coroado e mitrado. Nenhum teólogo poderia sentir-se mais seguro sobre Deus do que ele estava. Para ele, Deus não era “algo de algo”, ou, para usar a frase de um estudante, “um borrão elíptico”. Pelo contrário, tal qual o cego a quem Jesus curou, viveu uma experiência de honestidade e bondade que nenhum materialismo poderia explicar, que tão somente um Deus real O teria sob Seus cuidados e a Ele o cego deu seu testemunho de convicção e definição: “De uma coisa estou convencido, e é que eu era cego e agora posso ver”.
Este acento de experiência é realista nos Doze Passos, o que os torna tão vitais. Através deles, se sente um evangelho de esperança: Nenhum homem tem necessidade de manter-se como está. John Callender era capitão no exército de Jorge Washington, e na batalha de Bunker Hill, foi responsabilizado por uma covardia tão monstruosa que Washington publicamente o desonrou, acusando-o de ser infame, imperdoável para um soldado, ofensivo para o exército, e o último a quem se poderia perdoar.
E este foi o final de John Cailender? Não! Voltou a alistar-se como soldado, e na batalha de Long Istand demonstrou tamanha coragem que Washington restaurou seu posto de capitão. Poderia apostar que, se John Caliender tivesse lido os Doze Passos, teria reconhecido experiência pela qual teve que passar.
Especialmente impressionante é a forma em que os Doze Passos evitam toda autocomiseração, com seu inevitável acompanhamento quanto a atribuir aos outros a culpa por nossas faltas, “com destemor, fizemos um inventário moral de nós mesmos”. Isto significa realismo ético e sentido comum psicológico. E, a partir deste ponto, o admitir “a natureza exata de nossas falhas”, o estar dispostos que “Deus eliminasse todos os defeitos de caráter”, e o resto, os Doze Passos trazem um caminho de penitência, confissão, reparação, que fazem um conselheiro desejar que muitas pessoas além dos alcoólicos tomassem este caminho indispensável de transformação moral.
As palavras não podem expressar adequadamente a gratidão que muitos de nós sentimos ao haver observado com admiração o surpreendente progresso de Alcoólicos Anônimos. Dentre os muitos fatores que têm contribuído para este êxito, estou seguro de que um é especial: Os Doze Passos representam a verdade eterna de todas as regenerações pessoais. Seus princípios básicos são eternamente assim, não só para os alcoólicos, como também para todas as pessoas.
*Informação do tradutor: O nome do reverendo Harry Emerson Fosdick, autor deste artigo, publicado na Revista “El Mensaje” de dez°176 encontra-se mencionado nas páginas 13, 150, 155, 164 e 293 no livro “Alcoólicos Anônimos Atinge A Maioridade”.
(Artigo publicado na Revista “El Mensaje” de dez° /76) Tradução: Edson H.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Jovens em AA.
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