CURTIR
domingo, 30 de dezembro de 2012
Feliz Ano Novo!
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
A força nascendo da fraqueza
Pode-se perceber, com nitidez, que nos tempos atuais a tecnologia que desponta se apresenta como uma nova divindade. Uma tecnologia fascinante que aproxima pessoas e eventos distantes, mas que por vezes separa aqueles que estão próximos. Um paradoxo contemporâneo que já nos habituamos como um reflexo da modernidade ou como algo muito normal.
Cada vez mais as máquinas se tornam interativas e o contato pessoal mais distante. O perverso e doentio desta nova ideologia é que somos levados a aceitar como naturais e verdadeiros os valores que estão nos objetos externos.
Observamos que dentro do atual espírito consumista os remédios compensam qualquer dificuldade, as drogas e o álcool substituem o contato e o conforto humano. Pois é justamente o contato interpessoal, esta relação intersubjetiva, que se constitui, em Alcoólicos Anônimos a base de nossa recuperação.
Pode-se, em principio, ter a impressão que a nossa Irmandade está na contramão da história, quando na realidade é a sociedade atual que se encontra na contramão do bom senso e da sanidade. A nossa época já foi definida por um historiador como a “Era do Narcisismo”. Uma sociedade de pessoas egocêntricas e solitárias.
Na minha vida o alcoolismo se tornou um mergulho para dentro de mim mesmo, não com o sentido de reflexão e autoconhecimento, mas com a característica de isolamento e solidão.
Eu me sentia em constante contraste com a sociedade de um modo geral. Era antes de tudo um solitário limitado pelas minhas próprias contradições. Tinha uma personalidade em constante conflito comigo mesmo e com o outro e desta forma o álcool se tornou um anestésico para camuflar esta realidade e uma muleta para compensar minhas inadequações.
Havia me tornado um ser atormentado por desejos ardentes e tristes pesares. Sentia, diante da vida, uma fraqueza, sem força para me reerguer.
Meu ingresso em Alcoólicos Anônimos possibilitou-me verdadeira transformação na situação em que me encontrava. Da fraqueza nasceu a força que tanto necessitava através do acolhimento e carinho tão característicos em quaisquer grupos de A.A., os quais me encantaram desde o primeiro momento.
Percebi que se tratava de uma Irmandade muito especial. Um grupo com um propósito comum no qual aprendi a conviver com o outro. A conviver com as diferenças. As diferenças que caracterizam uma sociedade verdadeiramente democrática. Convivemos com diferentes pessoas respeitando os seus respectivos valores e suas maneiras próprias de encarar a vida.
Em A.A. temos a oportunidade de conhecer pessoas diversas, com personalidades distintas, com experiências alcoólicas bastante pessoais, mas que almejam um único objetivo comum: a libertação de servidão que o alcoolismo impõe.
Como Dr. Bob ressaltou: “O álcool é um grande nivelador de pessoas e A.A. também.” Nossa quinta tradição estabelece que A.A. tem um único propósito primordial o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
Bill declara em um artigo de 1946: “O primeiro registro por escrito da experiência de A.A. foi o livro Alcoólicos Anônimos, que abordou o âmago do nosso maior problema a libertação da obsessão pelo álcool”.
A questão que se põe, no entanto é: Qual é a função primordial do hábito de beber de forma obsessiva?
Antes de obter o prazer, a finalidade principal é a de evitar em pensar e a de evitar o sofrimento. O Alcoolismo é então uma tentativa de não sentir a dor existencial. É uma negação da própria condição humana.
É compreensível, portanto que o alcoólico ao negar, em principio, seu próprio alcoolismo expresse, de forma subjacente, uma fragilidade e um temor ao sofrimento, um sofrimento que no meu caso antecedeu o hábito de beber. Percebendo este quadro senti a necessidade de entrar em ação para reverter aquele ciclo vicioso. Precisava adquirir uma força partindo da minha própria fraqueza.
De inicio uma noção da realidade: a consciência da impotência diante da obsessão pelo álcool e a aceitação de que apesar de ser uma doença incurável é perfeitamente tratável, podendo, portanto ficar inteiramente sob controle.
E assim, a partir do Primeiro Passo, adquiri a força necessária seguindo as sugestões do mesmo.
Vivo o presente dentro do plano pessoal faço uma releitura do passado tentando tirar o melhor proveito das circunstâncias, ainda que adversas.
Esta atitude permite nortear a minha ação em uma base segura para o futuro.
Enfim, passado, presente e futuro podem ser vivenciados dentro do plano das 24 horas. É um plano simples e singelo, mas que funciona.
Como sempre é enfatizado em nossas reuniões: “Basta fazer certo que dá certo”.
Richard/Rio de Janeiro/R.J. Vivência nº111 – Janeiro/Fevereiro/ 2008. Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
A ambição pessoal não tem lugar em A.A.
"Amigos se afastaram, perdi um casamento que tinha chances de ser saudável, perdi o melhor emprego que tive; Perdi totalmente o domínio da minha vida"!
Desde que me dediquei profundamente a assistir reuniões diárias em A.A. e a realmente reconhecer a natureza exata das minhas falhas deparei-me com a confirmação da perversa ambição que alimentara meus vinte anos de alcoolismo.
As idéias nas quais acreditava me ditavam que a felicidade deveria estar nas coisas fora de mim, tais como posição profissional, carro, casa de campo e claro, nas garrafas de bebidas importadas que habitavam meus sonhos grandiosos.
Assim percorri a trilha do sucesso, atropelando valores de boa conduta, manipulando colegas de trabalho, sendo desonesta, roubando e destruindo códigos morais e espirituais.
Minha personalidade começou a se deformar aos 13 anos, quando iniciei a bebedeira e então, além dos porres alcoólicos, eu tinha os porres do sucesso. Minha ambição sempre me levou ao topo e quando lá chegava, tornava-me uma pessoa insuportável, tamanha a arrogância e a grandiosidade. Fazia dos meus colegas de trabalho os meus súditos. Mostrava-me empenhada e dedicada aos meus chefes e, ao garantir a confiança deles, praticava atrocidades perversas. Eu trazia comigo uma visão tão deturpada de mim mesma que considerava serem as minhas necessidades as mais importantes de toda a humanidade.
Depois de conquistar o poder, tornava-me ainda mais insaciável e terrivelmente ambiciosa. Era tão escrava da minha ambição que esquecia até mesmo de investir o dinheiro que ganhava em projetos duradouros, gastando-o em superficialidades, alegando que a felicidade citada anteriormente já estaria reservada para mim, sem qualquer sacrifício. Ela cairia do céu, assim que eu ordenasse. Eu realmente acreditava nisso.
O final da minha ativa me trouxe o resultado da minha ambição pessoal: nada foi construído material ou afetivamente. Tornei-me uma alcoólica totalmente isolada no meu egocentrismo. Amigos se afastaram, perdi um casamento que tinha chances de ser saudável, perdi o melhor emprego da minha vida, além de ter a faculdade interrompida. Resumindo: Perdi totalmente o domínio da minha vida.
Quando me rendi ao Programa de A.A., vi o quanto precisava para me modificar internamente e não apenas tampar a garrafa. No início, contentava-me com o fato de estar conseguindo evitar o primeiro gole, mas sabia da necessidade da transformação profunda.
Cheguei querendo os mesmos reconhecimentos que obtive na ativa, contudo não os obtive em A.A., graças à sobriedade de companheiros antigos que me alertaram para o cuidado que deveria ter sobre minha prepotência, pois ela me faria voltar a beber, caso eu a alimentasse.
Os mais antigos me ensinaram que para haver de fato uma reformulação de vida, eu deveria encontrar o sucesso na minha derrota, ou seja, na admissão da minha impotência perante o álcool e não esperar louros e aplausos pelos títulos lá de fora, tão bem guardados pela minha vaidade.
Assim venho caminhando a recuperação, onde me coloco em estado de alerta todas as vezes que meu ego se inflama ao ser elogiada por algumas atitudes positivas dentro do grupo ou quando meu depoimento é citado como referência durante uma reunião. Só eu sei onde os elogios me levaram um dia e para esse lugar insano que eu não quero mais voltar. Renuncio as glórias e as ambições desgovernadas, só por hoje.
Aprendi a ter coragem para modificar as coisas que posso, por mais agradáveis que pareçam. Meu alcoolismo foi alimentado por coisas agradáveis e fáceis e por isso tornei-me uma pessoa mimada e imatura. Sei que se eu continuar colocando à frente os meus instintos desvirtuados, acabarei indo ao primeiro gole e farei da minha vida uma maratona até a morte.
É vital para minha recuperação que além de evitar o primeiro gole, eu também evite a ambição pessoal que me fez escrava dos meus caprichos.
A.A. é o único caminho onde percebo claramente que não há espaço para a ambição pessoal, haja vista a reunião de serviços, sempre pautada em atender a decisão da consciência coletiva; visando o bem estar comum, fortalecendo o propósito comum de uma irmandade que existe desde 1935, lapidando personalidades destruídas pelo álcool e contribuindo assim, não só para o crescimento individual de seus membros, como também para que nos tornemos pessoas construtivas na sociedade em que vivemos."
Juliana/Rio de Janeiro/RJ
Quando me rendi ao Programa de A.A., vi o quanto precisava para me modificar internamente e não apenas tampar a garrafa.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Devagar com o Andor - por Bill W.
Alcoólicos Anônimos não é uma religião, nem um tratamento médico, tampouco pretende alguma perícia quanto às motivações inconscientes do comportamento humano. Essas são realidades que freqüentemente esquecemos. Aqui e acolá, ouvimos membros proclamarem que A.A. é uma nova e grande religião. Além disso, temos a tendência de menosprezar o suporte da medicina. O fato da psiquiatria não ter conseguido, ainda, levar à sobriedade muitos alcoólatras, nos inclina a falar dessa profissão com palavras nada agradáveis. Uma vez mais, esquecemos que devemos a nossa própria existência à religião e às artes médicas. Na formação de seus princípios e posturas fundamentais, A.A. se apropriou muito desses recursos. Eram nossos amigos, sobretudo, os que nos facilitavam os princípios e posturas que hoje nos permitem viver e progredir. Por isso, todos devemos reconhecer o grande mérito desses amigos. Conquanto seja verdade que nós, os bêbados, criamos Alcoólicos Anônimos, outras pessoas nos proporcionaram todos os ingredientes básicos. Nesse caso, em especial, nossa máxima deve ser:"Sejamos amistosos com os nossos amigos".
A história da raça humana nos ensina que quase todos os grupos de homens e mulheres tendem, com o tempo, a ser dogmáticos; suas crenças e costumes vão se cristalizando e, às vezes, acabam se tornando rígidos. Essa é uma evolução natural e praticamente inevitável. Todo mundo, é claro, deve obedecer a voz de suas convicções. E nós, AAs, não constituímos uma exceção. Ademais, todos devem ter o direito de expressar suas convicções. Este é um bom princípio e um dogma salutar. Porém, o dogma também tem suas desvantagens. Pelo fato de termos algumas convicções que nos dão bons resultados, acreditamos que temos toda a verdade. Se permitirmos que se manifeste esse tipo de arrogância, forçosamente acabamos procurando nos impor, exigindo que as pessoas estejam de acordo conosco. Atribuímos nossas convicções a Deus e isso não é um dogma salutar. É um dogma insano. Ao incorrermos nesse erro, o efeito em nós pode ser devastador.
Temos, a cada ano, dezenas de milhares de recém-chegados. Representam quase todas as crenças e posturas que possamos imaginar. Temos ateus e agnósticos. Temos gente de quase todas as raças, culturas e religiões. Pressupõe-se que em A.A. estamos vinculados por uma afinidade derivada do nosso sofrimento comum. Portanto, devemos considerar de suma importância a liberdade incondicional da adesão a qualquer crença, teoria ou terapia. Por conseguinte, nunca devemos tentar impor a ninguém nossas opiniões pessoais ou coletivas. Devemos ter, uns pelos outros, o respeito e o amor que cada um ser humano merece à medida que se esforça para aproximar-se da luz. Tentemos sempre ser inclusivos e não exclusivos. Tenhamos sempre presente que todos os nossos companheiros alcoólicos são membros de A.A enquanto assim o disserem.
Alguns dos perigos mais notórios que nos ameaçam sempre terão a ver com o dinheiro, com as controvérsias internas e com a tentação perene de buscar descabeladamente, tanto no mundo exterior quanto dentro de nossa Comunidade, as honras, o prestígio e o poder. Hoje vemos o mundo desgarrado por forças insubmissas. Como bebedores, temos sido mais suscetíveis do que as demais pessoas a essas formas de destruição. Por essa experiência, graças a Deus, temos - e espero que prossigamos tendo - uma clara e profunda conscientização de nossa responsabilidade de melhorar.
Entretanto, não devemos deixar que o temor que sentimos diante dessas forças nos engane, de maneira que fiquemos inventando justificações absurdas. O medo de acumular riqueza ou de montar uma torpe burocracia, não deve servir de pretexto para não cobrir nossos legítimos pasto de serviço. O temor à controvérsia não deve causar que, quando surgir a necessidade de um debate aquentado e uma ação resoluta, nossos líderes se comportem com timidez. Tampouco deve o temor pelo acúmulo de prestígio e poder impedir-nos de conceder a nossos fieis servidores a autoridade apropriada para atuar por nós.
Não temamos jamais as mudanças necessárias. Naturalmente, teremos que saber distinguir entre as mudanças que conduzem à melhoria e as mudanças que nos levam de mal a pior. Quando se faz bem evidente a necessidade de mudar, pessoalmente, no grupo ou em A.A. como um todo, já faz tempo que nos demos conta de que não podemos permanecer quietos e fazer vista grossa. A essência de todo progresso é a boa disposição para fazer as mudanças que conduzem ao melhor e, em seguida, a resolução de aceitar quaisquer responsabilidades que advenham dessas mudanças.
Para concluir, vale comentar que, na maioria dos aspectos de nossa vida, nós, AAs, temos podido fazer progressos substanciais quanto à nossa vontade e à nossa capacidade para aceitar, e cumprir, as nossas responsabilidades (...).
Ao dar uma olhada no futuro, vemos claramente que uma boa vontade cada vez mais profunda será a chave do progresso que Deus espera que façamos na medida em que caminhemos até o destino que Ele nos tem reservado.
(Artigo escrito por Bill W. para a Grapevine de julho de 1965
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
GRUPO UNIÃO 25 ANOS TRANSMITINDO A MENSAGEM DE AA
ENCONTRO DAS MULHERES
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Fwd: AONDE ENCONTRAR UM GRUPO DE A.A.
De: JUNAAB - Escritório de Serviços Gerais <cati@alcoolicosanonimos.org.br>
Data: 11 de outubro de 2012 09:26
Assunto: AONDE ENCONTRAR UM GRUPO DE A.A.
Para: grupodeaa.aracas@gmail.com
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terça-feira, 9 de outubro de 2012
PROBLEMAS COM A BEBIDA?
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Evitando Tempestades
1oº PASSO – “Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.”
Vou recorrer à história para falar um pouco da minha experiência com o Décimo Passo.
O terremoto de Lisboa em 1755 é considerado a maior tragédia natural até hoje vivida pela Europa. Milhares de mortos. E da pergunta de Dom José, Rei de Portugal à época, ao Marquês de Alorna, General D'Almeida: E agora, o que fazer?
Veio a sábia resposta: “Agora Majestade, é enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”. É a partir desta resposta que vou traçar meu paralelo com o Décimo Passo, pois é exatamente isso que acredito devemos fazer na prática deste Passo. Enterrar os mortos, não ficar imaginando como seria se eu não fosse alcoólico, se meu passado fosse diferente, se isso, se aquilo (armadilha do “se”) não tivesse acontecido, nem ficar tentando entender as razões mais profundas de minhas crises passadas.
Enterrar os mortos para cuidar dos vivos, significa cuidar do que sobrou, do que existe de concreto, de real.
Fechar os portos significava para eles à época impedir que novas epidemias chegassem, pois eram os navios que chegavam aos portos que traziam epidemias, saques, bandidos, etc. e para mim significa praticar os Passos para evitar nova tragédia no alcoolismo.
Portanto, praticar o Décimo Passo é fechar os portos e, porque não, as portas para uma recaída, seja ela física, emocional ou espiritual.
A tempestade passou; cuidamos dela até o Nono Passo; agora é criar condições para evitar novas tempestades e criar uma base sólida de desenvolvimento emocional e espiritual para que possamos vir a ser um ser humano íntegro, útil e, acima de tudo, merecedores de uma nova vida.
No Décimo Passo começamos a praticar o modo de vida de A.A. Além de dar manutenção ao que já foi realizado nos Passos anteriores, agora precisamos de muita vigilância para não deixar acumular ações negativas.
Aprendemos a conservar o que alcançamos, ficamos mais confiantes e prosseguimos nossa viagem espiritual com alegria.
Os nove primeiros Passos puseram nossa casa em ordem e nos permitiram mudar alguns de nossos comportamentos destrutivos.
A prática dos Passos começa a valer a pena quando aumentamos nossa capacidade de desenvolver meios novos e mais saudáveis de cuidar de nós mesmos e de nos relacionar com os outros.
Por em prática os Passos ajudounos a ver como somos frágeis e vulneráveis, mas com a prática diária desses Passos começamos a sentir que somos capazes de alcançar e manter nosso novo equilíbrio.
Nossas habilidades de relacionamento melhorarão e veremos como nossas interações com os outros assumem nova qualidade.
O Décimo Passo mostra o caminho para o contínuo crescimento espiritual. No passado, tínhamos o fardo constante dos resultados de nossa falta de atenção no que fazíamos. Deixamos pequenos problemas tornarem-se grandes, ignorando-os até se multiplicarem. Deixamos nosso comportamento ineficiente criar confusão em nossas vidas.
No Décimo Passo, conscientemente examinamos nossa conduta diária e admitimos o que encontramos de errado.
Precisamos não nos julgar com severidade excessiva. Precisamos reconhecer que nossa educação emocional e espiritual requer vigilância diária, compreensão carinhosa e paciência.
A vida nunca é estável; muda constantemente e a cada mudança exige ajustes e desenvolvimento.
O inventário pessoal é um exame cotidiano de nossas forças e fraquezas, das ameaças e oportunidades que o mundo nos propicia, é um exame de nossos motivos e de nossos comportamentos.
Fazer o inventário diário não é uma tarefa demorada, em geral não se gasta mais do que 15 minutos para a sua prática e pode ser feito em qualquer lugar. Temos que ter disciplina e regularidade, pois o comodismo pode nos afastar dele. É importante nos vigiar para verificar se estamos enviando sinais de que estamos voltando aos velhos hábitos.
A prática diária do Décimo Passo conserva a nossa sinceridade e humildade e nos permite continuar nosso desenvolvimento. O inventário pessoal nos ajuda a descobrir quem somos, o que somos e para onde vamos.
No século XVIII os problemas externos chegavam pelos portos. Fechar os portos para dar foco e cuidar do que sobrou dos vivos.
Para nós hoje, fechar os portos significa que a vida é daqui para frente. Ao fecharmos os nossos portos para novos saques, para os abutres (ressentimento, mania de grandeza, arrogância, autopiedade, prepotência, etc.) estamos cuidando de nossa vida atual. E, como sabemos, se quisermos viver bem o amanhã, temos que cuidar bem do hoje.
A tempestade passou, agora é deixar o passado onde ele deve estar, ou seja, no passado, e cuidar do hoje, que é o que realmente existe.
Este é o meu entendimento e a idéia que faço hoje do Décimo Passo.
Agradeço a todos os companheiros pela minha sobrevivência ao alcoolismo e à Revista Vivência pela oportunidade de compartilhar meu ponto de vista.
Obrigado!
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Como as crianças nos enxergam quando estamos bêbados
Comercial da ONG Fragile Childwood mostra como os monstros da imaginação, se transformam em realidade para muitas crianças quando os adultos estão bebados. O filme foi criado pela agência Euro RSCG Helsinki e demonstra que a maior ameaça para as crianças pode estar dentro de casa.
É bom lembrar que problemas com álcool pode se transformar na doença alcoolismo, que tem solução.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Todos tem direito à recuperação
Terceira Tradição - O Ingresso em A.A.
“Todas as Tradições foram criadas pelo método da experiência e erros; sob essa Tradição estão todas as tentativas fracassadas de impor outras exigências, até mesmo, por exemplo, a intranqüilidade manifestada pelo Dr. Bob acerca da admissão de mulheres, quando apareceram as primeiras.” (Linguagem do Coração, página 94).
Tal como apareceu no prefácio da primeira edição do livro Alcoólicos Anônimos em 1939: O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar de beber.
Mas levou um longo tempo para A.A. tornar-se realmente democrático. Quando pela primeira vez uma grande publicidade entrou em nosso caminho, ficamos apavorados e falávamos entre nós mesmos: “Não aparecerão todos os tipos de pessoas? Complicações, vocês sabem, o álcool misturado com outras coisas”. Naqueles dias nós estávamos sempre falando sobre um personagem mítico chamado alcoólico puro, sem complicações, vocês entendem, apenas um bêbado. E por isso, quando novos membros começaram a chegar nosso medo aumentou. Perguntávamos: Não aparecerão pessoas esquisitas, criminosas ou socialmente indesejáveis? Confusos e com uma certa quantidade de esnobismo e convencimento, ficamos realmente com medo.
Simplesmente não sabíamos o que ou quem apareceria. Por causa de todos esses temores e intolerância: “Em certa época havia tantas regras para tornar-se membro, que se todas elas tivessem sido impostas, realmente ninguém poderia ingressar em Alcoólicos Anônimos. Mas à medida que nossos temores e intolerâncias desapareceram, finalmente dissemos para nós mesmos: “Quem somos nós para impedir ou mesmo dificultar que alguém ingresse em A.A.?” Se para muitos bêbados desesperados, Alcoólicos Anônimos é a corte de sua última apelação. Como podemos nós os alcoólicos em recuperação, querer fechar a porta para alguém que quer entrar e se recuperar? Não, não podemos nunca fazer isso. Nem mesmo com a finalidade de proteger, que não queremos e nem podemos levantar a menor barreira entre nós e os nossos companheiros e companheiras ainda prisioneiros nas garras do alcoolismo. Jamais podemos ser intransigentes com eles e elas. Temos é que entrar na caverna escura aonde eles se encontram, e demonstrar que os compreendemos. Nos damos conta de que eles são demasiadamente débeis e confusos para transpor obstáculos. E se os deixarmos sozinhos em seu caminho, é possível que não se aproxime de nós e pereça. “Pode se ver privado de sua oportunidade.” Portanto, precisamos correr o risco, não importa quem venha. Qual de nós realmente se atreve a dizer: “não, você não pode entrar”, assumindo assim, o papel de juiz, jurado e talvez carrasco, de seu próprio companheiro ou companheira ainda doente? A Terceira Tradição é uma declaração geral, ela abrange muitos aspectos. Muitos membros da Irmandade, pode considerá-la demasiado idealista e pouco prática. Mas Bill W. a chamou de Tradição Universal; e a classificou como sendo o “alvará de liberdade” para todos os alcoólicos e alcoólicas do mundo, que tenham o desejo de se libertarem das garras do alcoolismo. Todos nós que hoje estamos sóbrios em Alcoólicos Anônimos, sabemos e bem o que é ser um prisioneiro de sua majestade o álcool.
Sabemos por exemplo, que o álcool transformado em voraz credor, nos esvaziou de toda essa auto-suficiência e de toda nossa vontade em resistir às suas exigências; e assim decretou a nossa falência como seres humano. Eu não tenho um conhecimento preciso sobre o assunto “alvará de liberdade”, e talvez nem devesse estar colocando-o neste trabalho, mas a intenção é apenas fazer uma pequena analogia entre os “alvarás” citados. Pelo que já ouvi, li e entendi; o “alvará de liberdade” é um documento expedido por um Juiz determinando que se liberte alguém que está preso judicialmente. O Juiz manda alguém redigir o documento, que após lido e aprovado, é encaminhado para alguém que tem a responsabilidade de cumpri-lo (de libertar o beneficiado ou a beneficiada) sem questioná-lo. E o que pude observar de diferente é que no judiciário o “alvará de liberdade” é uma ferramenta jurídica, usada pelos juízes para conceder liberdade a uma determinada pessoa que está prisioneira da justiça. Ao passo que a Terceira Tradição de Alcoólicos Anônimos é uma das ferramentas espirituais que o Poder Superior concebeu, para permitir que todos os alcoólicos e alcoólicas do mundo inteiro, tenhas quantas oportunidades que eles ou elas precisarem e quiserem para se recuperarem do alcoolismo. Pois em Alcoólicos Anônimos todos, absolutamente todos os alcoólicos e alcoólicas tem o direito inalienável à recuperação, à liberdade.
Esse direito é conferido pela Terceira Tradição de A.A., e deveria ser cumprido integralmente pó todos os Grupos de Alcoólicos Anônimos. Mais uma vez aquela pergunta já feita, mas que todos os membros de A.A., principalmente os servidores de confiança, deveriam fazer sempre para si mesmos e para seus Grupos: “Quem somos nós para impedir ou mesmo dificultar que alguém ingresse me Alcoólicos Anônimos?” Quando falamos em impedir, não estamos falando que exista Grupos ou membros que vá autoritariamente barrar a entrada de alguém na Irmandade. Até por que: Estamos falando de alcoólicos em recuperação, além do que : “Somente uma autoridade preside, em última análise ao nosso propósito comum – um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos lideres são apenas servidores de confiança, não tem poderes para governar.” E se acreditamos realmente nisso, precisamos colocar em prática sempre. Mas para isso é necessário que cada membro de A.A. estando ou não em serviço, cumpra seu dever ajudando o Grupo a cumprir seu propósito primordial. O de transmitir a mensagem, permitir a todos os alcoólicos e alcoólicas, o direito de participar de quantas reuniões eles quiserem, sem que coordenadores de reuniões ou outros membros fiquem a todo momento perguntando ou mesmo falando sobre ingresso.
As experiências obtidas através dos anos e condensadas na Terceira Tradição diz: “Você será um membro de A.A. se assim o quiser.” Não importa o que tenha feito ou o que ainda venha a fazer, você é um membro de Alcoólicos Anônimos contando que você o diga. “Não tememos nem um pouco que você nos faça mal, por mais perverso e violento que você seja. Você tem o direito de declarar-se dentro da Irmandade; e ninguém poderá mantê-lo de fora, por mais baixo que tenha chegado, por mais grave que sejam suas complicações emocionais e até mesmo seus crimes; “Não podemos negar-lhe Alcoólicos Anônimos. Não podemos negar-lhe o direito à recuperação, à liberdade. Queremos apenas ter certeza de que você terá a mesma oportunidade de chegar à sobriedade que nós tivemos.”
Portanto, SEJAM TODOS BEM-VINDOS!
Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
“AQUELES MARAVILHOSOS DOZE PASSOS “
Pelo Dr. Harry Emerson Fosdick
(Uma interpretação dos Passos por um acadêmico eminente que não foi um dos nossos, porém sempre foi um conosco.)
Não foram teorias complicadas e teológicas acerca de Deus as que escreveram os Doze Passos de A.A. Eles foram forjados na dura rocha da experiência de homens que se encontravam em desesperada ecessidade. Entretanto, falando como um clérigo que nunca foi alcoólico, eu leio aqueles Doze Passos com profunda admiração intelectual. Eles estabelecem com suficiente clareza e concisão as verdades essenciais, tanto psicológicas quanto teológicas, que formam a base de uma possibilidade de transformação de caráter.
O alcoólico não é a única pessoa que chega a ponto de ter que admitir que é impotente para dirigir sua vida. Nesse ponto, sou levado a uma crise nervosa. Completamente derrotado, em um sanatório, minha força de vontade em tal estado que quanto mais me tratava pior me encontrava, tive que admitir que minha vida tornara-se ingovernável. Foi então quando vi minha incapacidade de salvar a mim mesmo, quando desesperadamente dei as boas-vindas a um Poder proveniente do exterior de meu próprio ser. Quando li o Segundo Passo, “Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sobriedade”, senti que acertara na mosca do meu problema.
Os Doze Passos de A.A. não são válidos somente para os alcoólicos. São verdades básicas e universais. Isto se aplica a Robert Louis Stevenson quando se transformou de uma vida irresponsável em propósito e sem destino, numa vida vigorosa e plena de propósitos, e relacionou essa mudança com “aquele piloto desconhecido que nós chamamos de Deus”.
Para uma vida sã e sensata há duas técnicas indispensáveis. A primeira é a força de vontade, isto é, pondo todo nosso esforço e lutando para sobrepujar as dificuldades. A segunda é uma atitude receptiva, a hospitalidade a um poder que está além de nós, ao que o apóstolo Paulo chamava ser “fortalecido por um poder que vem de seu Espírito para o homem interior”. A primeira maneira é como a fruta de uma árvore; a segunda é como a raiz da árvore. Depois de muitos anos atuando como conselheiro pessoal, estou seguro de que, tarde ou cedo, cada vida passa por alguma experiência que a primeira técnica não pode suprir e a segunda técnica se converte em uma necessidade crítica.
Aqui, novamente, os Doze Passos estabelecem uma verdade universal. Por certo, devemos fazer uso de todas as nossas forças, mas apenas o esforço físico não é suficiente; é essencial receber o ar, a comida, a luz do sol. Minha fé religiosa básica é que, assim como ao redor do nosso organismo, há um universo físico do qual nos chega a força revitalizadora, assim também ao redor de nossas almas há uma Presença espiritual em cuja companhia nossas vidas podem ser sustentadas e transformados nossos caracteres. Por isso, o Décimo Primeiro Passo, “Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus...”, descreve uma necessidade universal.
Sem dúvida, em certas ocasiões se encontra um homem com tanta confiança em si mesmo e em seu vigor que crê não necessitar de força distinta a de sua própria vontade.
Ele gosta de citar o “Invencível” de Henley: “Eu sou o dono do meu destino. Eu sou o capitão da minha alma”. Isso pode soar esplêndido, mas não esqueçamos o que a história nos conta sobre Henley. Ele tinha um amigo que o conhecia intimamente e, portanto sabia como em determinadas ocasiões era tão débil como a água em se tratando da tentação da carne. Um dia, o tal amigo citou o verso ao próprio Henley, “Eu sou o capitão de minha alma”, e logo acrescentou, “E que tão mal capitão, maldita seja.”
Muitos homens, orgulhosamente confiantes de que por si mesmos podem dirigir os seus destinos, necessitam que se lhes diga: Não! E para isto os Doze Passos caem como uma luva.
Posso imaginar determinado tipo de pensador teológico que levanta uma sobrancelha ao ter aquela frase em letras cursivas que se tem quê ler duas vezes, “Deus como nós O concebemos”. Eu a aplaudo. Ela é mais que uma expressão de tolerância que faz possível aos católicos, protestantes e judeus unirem-se na prática dos Doze Passos. Uma vez mais, encontra-se envolvida uma verdade indispensável e universal.
De Deus pode-se pensar que é o Ser Absoluto. Mas, em uma crise, quando o homem luta contra um hábito ingovernável ou uma doença abismal, o Ser Absoluto pode parecer distante, frio e inútil como o homem na lua. O que necessitamos numa crise é um Deus próximo. Deus como nós O entendemos, Deus como uma fonte disponível ao alcance de nossas mãos, nosso Amigo invisível, nosso Companheiro tão evidente. Certamente que todas as nossas idéias diferentes e parciais de Deus são inadequadas! Mas qualquer um que, por causa do álcool ou qualquer outra razão, passou pela experiência dos Doze Passos pode entender, quando menos minimamente, algo do que o salmista quis dizer quando escreveu: “Oh, Deus, Tu és o meu Deus”.
Faz algum tempo, escutei um homem falar sobre Deus. Não foi dogmático, nem fanático em sua maneira de falar. Mas era indefinido. Havia estado em um abismo de imoral Idade que o levara ao desespero. Todos os seus amigos pensavam que não haveria solução. E nesta desalentada situação, conquanto sempre tivesse se considerado agnóstico, se atirou de braços abertos a qualquer Deus que pudesse existir e algo aconteceu. Não conheço melhor descrição para o que ocorreu do que a frase de que se utilizou Virgílio quando conduziu Dante do inferno, através do purgatório, e o deixou na porta do paraíso, dizendo, “Sobre ti coloco a coroa e a mitra”.
Assim, este homem que estava desesperado, pôde levantar-se, coroado e mitrado. Nenhum teólogo poderia sentir-se mais seguro sobre Deus do que ele estava. Para ele, Deus não era “algo de algo”, ou, para usar a frase de um estudante, “um borrão elíptico”. Pelo contrário, tal qual o cego a quem Jesus curou, viveu uma experiência de honestidade e bondade que nenhum materialismo poderia explicar, que tão somente um Deus real O teria sob Seus cuidados e a Ele o cego deu seu testemunho de convicção e definição: “De uma coisa estou convencido, e é que eu era cego e agora posso ver”.
Este acento de experiência é realista nos Doze Passos, o que os torna tão vitais. Através deles, se sente um evangelho de esperança: Nenhum homem tem necessidade de manter-se como está. John Callender era capitão no exército de Jorge Washington, e na batalha de Bunker Hill, foi responsabilizado por uma covardia tão monstruosa que Washington publicamente o desonrou, acusando-o de ser infame, imperdoável para um soldado, ofensivo para o exército, e o último a quem se poderia perdoar.
E este foi o final de John Cailender? Não! Voltou a alistar-se como soldado, e na batalha de Long Istand demonstrou tamanha coragem que Washington restaurou seu posto de capitão. Poderia apostar que, se John Caliender tivesse lido os Doze Passos, teria reconhecido experiência pela qual teve que passar.
Especialmente impressionante é a forma em que os Doze Passos evitam toda autocomiseração, com seu inevitável acompanhamento quanto a atribuir aos outros a culpa por nossas faltas, “com destemor, fizemos um inventário moral de nós mesmos”. Isto significa realismo ético e sentido comum psicológico. E, a partir deste ponto, o admitir “a natureza exata de nossas falhas”, o estar dispostos que “Deus eliminasse todos os defeitos de caráter”, e o resto, os Doze Passos trazem um caminho de penitência, confissão, reparação, que fazem um conselheiro desejar que muitas pessoas além dos alcoólicos tomassem este caminho indispensável de transformação moral.
As palavras não podem expressar adequadamente a gratidão que muitos de nós sentimos ao haver observado com admiração o surpreendente progresso de Alcoólicos Anônimos. Dentre os muitos fatores que têm contribuído para este êxito, estou seguro de que um é especial: Os Doze Passos representam a verdade eterna de todas as regenerações pessoais. Seus princípios básicos são eternamente assim, não só para os alcoólicos, como também para todas as pessoas.
*Informação do tradutor: O nome do reverendo Harry Emerson Fosdick, autor deste artigo, publicado na Revista “El Mensaje” de dez°176 encontra-se mencionado nas páginas 13, 150, 155, 164 e 293 no livro “Alcoólicos Anônimos Atinge A Maioridade”.
(Artigo publicado na Revista “El Mensaje” de dez° /76) Tradução: Edson H.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Jovens em AA.
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012
HÁ MULHERES EM AA?
domingo, 30 de setembro de 2012
Insanidade?
"Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós, poderia restaurar-nos à sanidade". Esse Passo foi extremamente fácil para mim, da primeira vez. Eu simplesmente falei: "Acredito que Deus pode restaurar-me para a sanidade." Foi isso, sem fanfarras, gritos ou trombetas.
Como eu era ignorante do Segundo Passo! Não tinha nenhum sentimento interno de aceitação e nenhuma crença verdadeira de qualquer espécie. E quem havia dito que eu era louco, para começar? Tudo o que admiti foi que era impotente diante do álcool, e que minha vida se havia tornado ingovernável, e não estava totalmente convencido disso. Minha impotência diante do álcool foi uma declaração que fui forçado a fazer, não uma na qual de fato acreditasse. Por outro lado, uma curta revisão da minha vida - a perda da minha licença de médico e dos meus bens terrenos, incluindo a casa e os carros - me convenceu de que minha vida era ingovernável. Mas era assim por eu ser impotente diante do álcool? E de onde haviam tirado esse negócio de insanidade.
Meu padrinho valeu seu peso em ouro para mim. Sean mostrou-me que havia algumas pequenas falhas no meu raciocínio, como estar negando a realidade da minha situação, e estar projetando as causas dos meus problemas para cima de outras pessoas, ao invés de admitir que a fonte deles era eu. Apontou que esses eram os mecanismos dos mentalmente doentes, e sugeriu que talvez por isso eu os tivesse usando. Sean também falou que se me fosse difícil demais admitir que era impotente diante do álcool, poderia fazer de conta que era impotente diante das minhas emoções, e que por isso bebia.
Sim, agora estávamos chegando em algum lugar. Podia admitir ser impotente diante das minhas emoções, sem ter um ataque de vergonha. Por isso me permitia dizer que minhas emoções eram a causa do meu beber; portanto, eu não era impotente diante do álcool, ou insano. Bastava um pouco mais de autocontrole sobre meus pensamentos.
Danado desse meu padrinho, só depois de alguns meses é que fui ver que quando eu dizia que bebia porque era impotente diante das minhas emoções, na verdade estava dizendo que era impotente diante do álcool. Comecei finalmente a acreditar nisso.
Sean destacou que a racionalização era também uma parte proeminente da minha personalidade, e como diz o Livro Azul: "Racionalizar é dar razões socialmente aceitáveis para um comportamento socialmente inaceitável é uma forma de insanidade." Agora Sean conseguira me encurralar. Admiti que minha vida estava ingovernável e que eu provavelmente era impotente diante do álcool. Porém, ainda precisei de muitos meses para realmente acreditar nessa última parte.
Eu passava pelo Segundo Passo num pé de vento. Declamava-o em voz alta, e era tudo. Mas de certa maneira me parecia que estava me safando de alguma coisa. Por que meu padrinho pudera brigar tanto pelo Primeiro Passo e agora simplesmente deixava que o Segundo Passo passasse batido? A ignorância é uma bem-aventurança, e eu andava precisando de alguma felicidade.
O que hoje suspeito é que Sean não criou um caso porque queria evitar altercações sobre Deus ou um Poder Superior. O Terceiro Passo já iria ser suficientemente duro, sem necessidade de entrar numa luta livre a respeito do Segundo. Tive imensas dificuldades para aceitar um Poder Superior. Na minha mente, confundí Deus e/ou um Poder Superior com religião. Eu não podia aceitar que dentre todas as religiões do mundo, apenas uma estivesse certa e as outras erradas. Também pensava que se não acreditasse num Deus, não poderia ser uma pessoa má que transgredia as regras de Deus. (Naquela época, não sabia que eu não estava sendo mau, apenas doente.)
Logo que entrei para A.A., estava num estado emocional deplorável. Havia feito uso de álcool e de substâncias químicas alteradoras do humor, na tentativa de sobreviver ao modo horroroso como a minha vida ia indo. Agora, ao me dizerem que não podia mais beber nem me drogar, achei que a vida não valia mais a pena. Como poderia suportar as agonias que teria de agüentar?
Nas reuniões de A.A, ví que as pessoas sóbrias pareciam estar calmas e felizes. Não sabia o que estavam tomando, mas obviamente fazia efeito. Eu queria um pouco disso, e se freqüentar as reuniões era o necessário para a gente se sentir melhor, então era isso o que eu faria. Do jeito que eu tinha feito, não funcionava mais. Estava disposto a tentar o jeito deles.
Fui a cem reuniões em noventa dias. Minha vida centrou-se nelas. Escutava, lia o Livro Azul, falava com meu padrinho e com muitas outras pessoas sobre o que elas achavam que estava sendo de ajuda para elas. Descobri a serenidade nessas reuniões, e comecei a sentir momentos de paz e calma. Alguma coisa estava acontecendo. Algumas das promessas pareciam estar virando verdade. Cada dia viajava vários quilômetros até meu local de emprego. Certa manhã, enquanto ruminava sobre as iniqüidades da vida, finalmente disse a mim mesmo: "Tá bom, vou tentar. Deus, pode pegar minhas preocupações. Não consigo lidar com elas. Sou apenas humano e não sou perfeito. Você, por outro lado, não é humano e pode tolerar esse estresse. Pode tratar da minha vida. Deixo a seu encargo os resultados e os "sês".
Imediatamente, senti paz e serenidade me inundando. Fiquei emocionado e vibrei com os resultados. Falei para mim: "É mesmo fácil fazer o Terceiro Passo. Simplesmente digo ao meu Poder Superior que assuma o controle, porque não dou mais conta."
Apesar de tornar a coisa bem difícil, o conceito era simples. Alcançara a serenidade ao entregar minha vida e minha vontade aos cuidado do meu Poder Superior. Havia dado início à minha caminhada rumo à sobriedade, que defini como sendo o estado de não estar bêbado - em outras palavras, um estado de equilíbrio mental e emocional.
Levou mais três anos de trabalho no meu Programa, para que me desse conta de que minha aceitação de um Poder Superior havia sido a coisa mais importante na restauração da minha sanidade. Foi a única coisa que me permitiu não permanecer no que poderia ter sido, mas sim viver minha vida neste minuto. Não imaginar catástrofes, mas sim apreciar a vida sem medo. A aceitação de Deus devolveu-me à sanidade.
(William S., Grapevine) (Vivência - Março/Abril 2002 Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Convite especial para você!
terça-feira, 25 de setembro de 2012
NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS - SIGA OS SINAIS.
"Estávamos todos doentes e mergulhados num mundo triste quando me lembrei de
Alcoólicos Anônimos."
Sou uma pessoa privilegiada porque insisti em seguir os sinais que o Poder Superior, DEUS, me concebeu.
Se eu os tivesse ignorado, hoje talvez não tivesse experimentando esta tão benfazeja calmaria em meu lar.
Conheci Alcoólicos Anônimos em 1999 através de uma prima; ela queria ardentemente que aqui em minha cidade funcionasse um grupo de A.A. e que seu irmão freqüentasse para se recuperar do alcoolismo.
Justo nessa época eu vivia uma das piores fases do meu casamento, meu marido estava bebendo muito.
Quando para me casar, a única coisa que pedi a meu noivo era que nunca fosse um bebedor, pois já havia sofrido muito na infância com o alcoolismo do meu pai e presenciei o sofrimento de minha mãe.
Por essas coisas do destino, que a gente não consegue entender, acabei me casando com um alcoólico.
No início do nosso casamento ele bebia menos, depois, quando tivemos o nosso filho, ele ficou mais à vontade para beber, pois às vezes eu não saia à noite com ele por causa do neném, e então eu comecei a perceber que ele a cada dia chegava mais embriagado.
Nessa época em que minha prima apareceu com a idéia de formar um grupo de A.A. aqui em minha cidade, eu já estava desesperada, pois pedia a meu marido, conversava, chorava e nada mudava a sua atitude.
Fui ficando doente, deprimida e meu filho, então, apareceu com uma conjuntivite alérgica; em certos dias ele não conseguia nem desgrudar os olhos de manhã, de tanta secreção. Levei-o a uma médica e ela me perguntou se ele não estava passando por algum conflito familiar, algum problema na escola, etc.
Então entendi tudo... Meu filho estava fragilizado demais com a situação que reinava na nossa casa; ele não podia contar com o pai quando o mesmo chegava alcoolizado e nem comigo, pois eu estava 24 horas preocupada com meu marido: como ele vai chegar hoje? Será que já bebeu? Devo ficar calada? Não!
Vou conversar mais uma vez com ele!
Com isso percebi que meu filho não tinha apoio de nenhum dos dois.
Estávamos todos doentes e mergulhados num mundo triste quando me lembrei de Alcoólicos Anônimos, talvez a única chance de refazer a harmonia que o álcool retirou do nosso lar.
Quando comecei a levar meu filho a uma psicóloga, ela me disse que eu precisava mais de terapia que meu filho, pois estava completamente afetada pelo alcoolismo do meu marido; então, comecei a minha terapia, que me deu mais força para conhecer Alcoólicos Anônimos e agilizar a formação de um Grupo.
As primeiras reuniões que aconteceram aqui em minha cidade foram organizadas pela minha mãe, com muita gente convidada dos grupos de Belo Horizonte e outras cidades, que vinham aqui e falavam para duas ou três pessoas apenas, apesar dos convites, mas e o preconceito de quem precisa de A.A.?
Um dia eu já estava desesperada; meu marido não queria nem saber da reunião e pensei: vou deixar isso de uma vez por todas; vou desistir de ficar insistindo com ele para ir abrir a sala de reuniões, a sala que eu havia conseguido; ele não tem nem vontade de ir lá, que dirá convidar alguém!
Comecei a chorar e nisso alguém chamou lá fora. Fiquei com muita raiva e pensei: Não tenho nem sossego para chorar e curtir a minha tristeza sem alguém perturbar, mas fui atender depois de enxugar as lágrimas.
Quando cheguei na janela, um homem que eu nunca tinha visto me perguntou:
Aqui que mora uma pessoa que é de Alcoólicos Anônimos? Eu sou um viajante e estou de passagem nesta cidade; preciso de um companheiro para tomar a minha dose diária de remédio: a Reunião.
Levei um susto!
Chamei meu marido, ele recebeu o homem e eu saí correndo para chamar outros para se reunirem com eles.
Fui à casa da minha mãe ao lado, busquei uma garrafa de café e deixei para eles; saí para deixá-los à vontade. Valeu a pena! A reunião foi muito boa e fez muito bem ao meu marido.
Desde então ele passou a abrir a sala de A.A.; teve uma recaída, mas o Poder Superior nunca nos deixou; ele está sóbrio há dois anos.
Quando as coisas não iam bem sempre acontecia algo a nosso favor: um telefonema, alguém chegava falando de A.A., alguém oferecendo uma visita e eu percebi que tudo estava a nosso favor, para nos dar forças, eram os sinais!
Não desisti e tem valido a pena seguir esses sinais.
Vale a paz no meu lar, vale a alegria de viver sem o álcool, vale acreditar em A.A., vale acreditar no milagre que acontece em uma simples sala de A.A. onde dois ou três ou mais desejam uma única coisa: viverem e se manterem sóbrios um dia de cada vez.
Maria J. / Rio Espera / MG Vivência n° 95 Mai./Jun. 2005 Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
CONVITE - PARA PROFISSIONAIS
domingo, 23 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
ORGULHO, UMA VENDA EM MEUS OLHOS!
"Eu ainda possuía uma bela casa em um bairro nobre da minha cidade, um carro do ano e um diploma de médico".
Foi lá pelos idos do outono de 1982, que um amigo me convidou a assistir uma reunião de Alcoólicos Anônimos.
Dizia ele que era para dar apoio moral a um irmão seu, que havia recentemente ingressado em A.A.
Relutei muito, pois não acreditava neste negócio de grupos de auto-ajuda.
Como psiquiatra eu me achava o supra sumo da saúde mental. Se nós médicos não resolvêssemos, ninguém jamais resolveria. Ainda por cima eu pensava ser esta doença mais moral que orgânica ou mental.
Acabei indo a tal reunião, somente pela grande afetividade que nutria pelo meu amigo. Não gostei. Achei que aquele povo, em sua maioria analfabeto, nunca poderia ajudar a mim ou a algum outro. Mais uma vez dormi embriagado, naquela noite.
Não passava por minha cabeça que o convite não era por causa do irmão do meu amigo, pois ele não necessitava da minha ajuda, já que tinha o A.A. eu, sim, que era um homem carente, prepotente e emocionalmente doente. Antes de ser médico eu era um ser humano, e como tal poderia ser portador de qualquer doença, inclusive o alcoolismo.
Eles não iriam me ensinar medicina; iriam me informar como parar de beber, pois eu não sabia e isto não tinha nada a ver com meu lado intelectual.
Mas eu possuía um defeito muito perigoso, o orgulho, que era como uma venda a tampar minha visão, não me permitindo enxergar e entender isto.
Seis meses se passaram.
Eu ainda possuía uma bela casa em um bairro nobre da minha cidade, um carro do ano e um diploma de médico. Não tinha mais amigos nem colegas e meu consultório estava fechado há tempos; minha família havia me abandonado.
Minha esposa se foi e com ela se foram também meus dois filhos, ainda crianças. No dia 21 de novembro de 1982, acordei na minha grande e vazia casa, numa tremenda ressaca e muito depressivo. Olhei para as paredes do meu quarto e vi duas fotos dos meus filhos sorrindo para mim. Neste momento notei o que eu havia perdido. Tudo estava terminado. Não podia suportar a idéia de morrer aos poucos com estes tremendos sofrimentos. Só restava uma saída: o suicídio.
Como tinha dois revolveres, fui pegar um deles, o de maior calibre para dar um tiro em minha cabeça. Não encontrei nenhum deles, minha esposa antes de partir tinha dado fim nestas armas. O pânico tomou conta do meu ser. Tinha medo da vida e também da morte. O que fazer? Instintivamente me ajoelhei e gritei com toda minha força: - MEU DEUS ME AJUDE!
Recordo-me que naquele momento uma espécie de serenidade tomou conta de mim. Meu quarto parecia estar cheio de pessoas amigas e eu me sentia mais só. Fui ao telefone e liguei para meu amigo, que com um membro de A.A. me levou a uma clínica de desintoxicação.
Ao sair de lá comecei a frequentar as reuniões de Alcoólicos Anônimos, sendo que até hoje não mais bebi nem tive vontade de beber, pois encontrei a humildade.
Reconquistei tudo que havia perdido inclusive minha família.
Hoje sei que se ainda vivo é somente pela Graça de Deus e pela nossa querida Irmandade: Alcoólicos Anônimos.
A vida é o dia-dia.
O hoje é tudo que temos. E qualquer pessoa pode passar um dia sem beber.
Primeiro tentamos viver no presente só para não beber e vemos que funciona. E, depois que essa ideia se torne parte de nosso modo de pensar verificamos que viver a vida em pedacinhos de 24 horas é uma forma eficaz e agradável de lidar com outros assuntos também.
(Viver Sóbrio) JB. /Cuiabá/MT Vivência nº. 103 Set. /Out. 2006.
" O CHOQUE DE HONESTIDADE "
O Choque de Honestidade
Dr. Eduardo Mascarenhas
Certa vez fiz uma palestra para um grupo dos Alcoólicos Anônimos, extremamente qualificado, formado por membros bem afinados uns com os outros, revelando um já extenso trabalho prévio. Uma verdadeira orquestra sinfônica anti-alcoólica. Sendo mais preciso: não se tratava de nada anti-alcoólico, até porque os Alcoólicos Anônimos não combatem ou defendem causas. Melhor dizendo, era uma orquestra que inspirava emoções serenas e atitudes sóbrias.
Presidindo a reunião estava um rapaz simpático, desses que irradiam energias a favor e não negativas. Quando se apresentou ao grupo, disse seu nome, e declarou sua condição de alcoólatra e toxicômano. Era mais um da nova leva de "dependências cruzadas".
Na hora do debate, ergueu-se do grupo um homem negro de elegância discreta, belo e bem falante, de uns 47-50 anos. Provavelmente um típico representante do A.A. da velha guarda, um A.A. puro-sangue, sem qualquer dependência química senão do álcool. Estávamos discutindo essa região nebulosa daqueles que bebem regularmente, mas não desbragadamente, que permanecem há anos nas quatro a seis doses por dia e que, naturalmente, sem esforço não ultrapassam esse perigoso limite. Seu corpo e sua mente reagem bem a esses níveis alcoólicos e há 20 ou 30 anos não pedem mais. Pelo menos até aquele momento.
É claro que são alcoólatras, já que não podem passar sem álcool. É claro que estão numa região de perigo. Mas também é claro que os anos e as décadas passam e eles se mantêm dentro desses explosivos limites.
A discussão estava superinteressante. Eu não sabia dar respostas, mas aprendia com os depoimentos dos presentes, os quais, diga-se de passagem, entendiam empiricamente muito mais de alcoolismo do que eu. Se eu tinha experiência conceitual e teórica sobre o alcoolismo, se eu tinha experiência clínica com meus pacientes, eles tinham experiência vivida - essa matéria prima insubstituível.
A expressão "choque de honestidade" veio desse membro clássico do A.A. que, com ela, queria salientar a tendência do alcoólatra na ativa a negar sua própria condição, construindo mil argumentos e sofismas para encobrir o óbvio e que os Doze Passos representariam o inverso dessa desonestidade embriagada e embriagadora. Os Doze Passos seriam um choque de honestidade na tendência do alcoólatra a mentir para si mesmo o tempo todo.
Essa formulação me remeteu imediatamente a apaixonadas discussões na sociedade psicanalítica, em que alguns colegas definiam a psicanálise como a busca da verdade, custe o que custar, doa o que doer. Por não ter seguido esse caminho - interessante, sem dúvida - a pessoa perderia o pé de si mesmo por não enfrentar a sua realidade a cada momento, preferindo as mordomias da ilusão. De ilusão em ilusão, esses marajás da mentira acabariam por alienar-se de sua própria verdade pessoa, tornando-se cada um deles um completo estranho dentro de si mesmo.
Resultado: neurose.
Fazer psicanálise, então, seria, reverter essa tendência vida-mansista, do prazer imediato da ilusão, às custas da verdade. O princípio da realidade deve substituir o princípio do prazer. É melhor ficar vermelho um minuto do que amarelo a vida inteira. É melhor sofrer a dor da verdade do momento do que extraviar-se nos labirintos da ilusão.
Quem não estaria de acordo com tais princípios?
Contudo, em nome deles, já foram perpetradas as maiores violências, as maiores barbaridades. Em nome da autenticidade já se perpetraram as maiores grosserias e faltas de educação. Jogar "verdades" na cada dos outros não só muitas vezes se revela inútil como francamente contraproducente. Quantos casais já se agrediram até o ponto de ruptura por causa dessa sincera busca da verdade e da franqueza? Quantos pais e filhos já não se desentenderam irreversivelmente por causa dessa franqueza rude? Quantos projetos profissionais já não naufragaram por causa dessa bem-intencionada vontade de ser verdadeiro?
Mais: quantas vezes não foi exaltada a verdade como virtude apenas para se controlar, vigiar e bisbilhotar melhor a vida alheia? Qual é a verdade que se esconde por trás dessa busca da verdade? Qual é a honestidade que inspira esse choque de honestidade?
Busca da verdade, choque de honestidade como palavras de ordem são ótimas; requerem, porém, mais refinadas diferenciações.
Para que dirá o paciente sua verdade ao psicanalista? Para que este, de posse dessa verdade, a acolha como uma das manifestações legítimas possíveis do ser? Para o psicanalista, de posse dessa verdade, incitar seu paciente a descrevê-la cada vez melhor, de modo a que este venha a melhor conhecê-la e saber como realizá-la? Ou, pelo contrário, para, insidiosa e escorregadiamente, condená-la a exortar o paciente a alguma cartilha de bem viver?
Essa diferenciação é fundamental, tanto para a psicanálise quanto para os grupos anônimos. Para que um grupo anônimo, um padrinho, estará prezando o "choque de honestidade"? Para fazer a pessoa tornar-se mais radical e completamente ela mesma, ou para fazê-la querer-se tornar outra pessoa que não ela mesma? Para auxiliá-la a viabilizar seus sonhos de modo eficaz, ou para renegar sua verdade e seus sonhos, em nome de um sistema de valores cuja procedência não se conhece direito? Enfim, o "choque de honestidade" está a serviço do enquadramento ou da libertação? Atua no sentido de levar o sujeito a assumir sua própria verdade ou a induzi-lo a renegar essa verdade em função de uma moralidade consensual?
Além dessas questões - decisivas -, existe ainda a questão da verdade máxima possível para cada pessoa a cada momento. Violar cadências não é sinceridade, é estupro. O fundamental não é a verdade, é a fecundidade. Dizer se isso será verdadeiro ou não, importa menos do que dizer se isso será fecundo ou não. A habilidade, o timing, o respeito pelo tempo do outro, pela cadência alheia, também fazem parte dessa busca da verdade, desse choque de honestidade.
O ser humano não é macaco de zoológico. Não está numa jaula aberta à visitação pública de suas mais íntimas intimidades. Ele requer privacidade, o direito de não dizer tudo a ninguém, senão a si mesmo. Não, nem a si mesmo. O choque de honestidade, a busca da verdade têm de levar em conta essa necessidade de ilusão.
Mais ainda: o que é verdade, a honestidade, a realidade, a objetividade? Será o mesmo para duas pessoas, ou até para a mesma pessoa em momentos diferentes da sua vida?
Busca da verdade, sim, choque de honestidade, sim; só que indo mais no fundo nessas idéias - força. Senão vira moralismo, catequese, narcisismo.
O Quinto Passo não pode desconsiderar essas complicações. Não é em vão que as tradições dos grupos anônimos recomendam sobriedade de opiniões: que não se radicalize em questões polêmicas e controversas.
Choque de honestidade, sim; busca da verdade, sim; mas sem perder de vista a ética suprema dos grupos anônimos: a sobriedade.
Honestidade e verdade sem sobriedade são atitudes policialescas, moralizantes, enquadradoras. Não libertam o sujeito, aprisionam-no cada vez mais. Nas honestidades" e "verdades" alheias. Dos mais fortes. Dos grandes grupos sociais que detêm os lobbies da comunicação.
Por essas e outras, não existem autoridades nos grupos anônimos. Ninguém tem opiniões autorizadas pelas leis do grupo. Ninguém pode condenar ninguém como herege ou exercer ninguém como antiCristo.
* Dr. Eduardo Mascarenhas ( Psicanalista ) Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Mensagem - Que amor é esse?
ESTRANHEZAS
Que amor é esse?
Muito estranho! Sinto uma sensação esquisita, de amor no meu coração...uma calmaria...muito estranho!
Quando toca o telefone e escuto a voz de um companheiro ou companheira, tudo parece parar e, por mais urgente que seja a tarefa que eu esteja fazendo, esse papo é prazeroso. Parar e ouvir: estranho, muito estranho.
Que amor é esse?
De estar no meio de uma multidão na rua e meus olhos enxergarem um companheiro ou companheira e o coração bater forte, essa coisa estranha de querer ser vista e fazer questão de ver? Muito estranho.
Que amor é esse?
De chegar na sala de A.A. e de repente meus braços se abrirem, o sorriso vir aos meus lábios e tudo passar? Estranho...
Que amor será esse através do qual, mesmo estando na mais árdua discussão de diferenças nesse mundo aqui de fora, num relance lembro-me da voz e dos olhos carinhosos de meus companheiros, lembro-me dos tapinhas nas costas ou dos abraços seguidos de um "Isso vai passar", "Não se leve muito a sério" ou apenas "Obrigado, hoje eu estava precisando ouvir isso que você falou"? Muito estranho.
Que amor é esse?
De pessoas que estão atentas à minha vida, que choram com minhas tristezas, que sorriem e ficam contentes com o meu bem-estar? Muito estranho.
Talvez seja estranho para mim porque esse amor não dói, não machuca. Vocês não me pedem nada. Estenderam as suas mãos e pediram para eu contar a minha estranha loucura (que para vocês não era nada estranha). Como explicar esse estranho amor a essa estranha cabeça? Para mim, é o amor de DEUS. Somente Ele e vocês poderiam me amar e deixar que eu os amasse assim, com estranha e tamanha sinceridade. Tenho que agradecer a esse Deus por me colocar perante vocês e o programa de A.A.
E por isso eu sou responsável.
Meu nome é Rachel, sou uma alcoólica e somente pelo amor e graça de Deus e com a ajuda de todos vocês, hoje eu não bebi.
Rachel (Vivência - Março/Abril 2001) Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
ANIVERSÁRIO DO GRUPO PRIMAVERA
Recuperação se faz no Grupo!
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