"O grande sonho de estar presente ao maior Evento Regional de A.A. aliado à fé, à perseverança e à coragem, o levou a dar um grande exemplo de participar e conviver com irmãos."
A. J. é de Bananeiras, Paraíba, hoje tem 61 anos de idade e reside em Natal, Rio Grande do Norte, há 30 anos.
Está acostumado a se deslocar para eventos de A.A., dentro do estado, usando a sua bicicleta. Desse modo, dizia a seus companheiros que iria ao XVII Seminário de A.A. da Região Nordeste, em João Pessoa, utilizando o seu meio de transporte. Os seus companheiros não acreditaram muito, mas se surpreenderam quando o viram em João Pessoa, no dia 25 de novembro. É que A.J. é vendedor ambulante e, ganhando pouco, só poderia mesmo ter chegado de bicicleta, e não deu outra. A. havia saído às cinco da manhã de Natal e chegado a João Pessoa às duas da tarde. Havia pedalado por onze horas e feito pequenas paradas para comer alguns cajus, retirados diretamente dos pés, à beira da estrada. Fizera um pequeno lanche em Mamanguape, já na Paraíba, quando eram duas da tarde. Para beber água havia parado duas vezes, sendo uma na cidade de Goianinha e chegou ao destino apenas com a virilha queimada, conforme o seu dizer, e mais nada, após percorrer mais de 200 km. Disse que gosta de andar de bicicleta e a prefere ao cavalo ou burro porque não sacode e que, para fazer a viagem, foi suficiente usar óculos escuros para se proteger do sol intenso. O resto foi contar com a sua forma física e com a fé que tem em Deus.
Durante a viagem, teve duas situações de perigo. Uma delas ocorreu quando passou por ele uma carreta. Na passagem em si, tudo bem, mas depois que passou a carreta o "sugou" e ele se sentiu sendo arrastado. Foi surpreendido e teve medo de tombar. É que A.J. sentira o efeito que os corredores de automóvel tanto apreciam, que é o vácuo, que os levam para velocidades maiores, independentemente do motor. Amaro gostou da coisa, mas inesperada que foi, o assustou e deu medo. A outra situação de risco ocorreu quando derrapou nas pedrinhas de um acostamento em declive e a bicicleta tombou, mas ele conseguiu sair do tombo e ficou de pé. Aí os cortadores de cana que estavam próximo gritaram e o chamaram de "velho rápido".
Relatou também que se a bicicleta sofresse alguma avaria, a idéia era ir empurrando a máquina até a próxima cidade, o que pareceu simples para ele mas isso seria um grande desafio para qualquer um de nós, com esta idade.
Acresce ainda que eram poucas as cidades existentes no caminho, apenas seis pequenas cidades: Parnamirim, São José do Mipibu, Goianinha e Canguaretana, todas no Rio Grande do Norte; Mamanguape, onde na descida de uma pequena serra levou o susto do vácuo da carreta e Bayeux, essas últimas na Paraíba. Para situações de avaria na bicicleta, contava apenas com umas poucas ferramentas.
O grande sonho de estar presente ao maior evento regional de A.A., que é o Seminário, e de desfrutar da companhia dos companheiros e amigos, aliado à fé, à perseverança e à coragem, o levou a dar um grande exemplo do desejo de participar, de conviver com irmãos.
Seu padrinho M. diz que ele hoje é um ser humano renovado pelo despertar espiritual e que, apesar de A. o chamar de "padrinhão", ele se sente estimulado pelos exemplos de recuperação que o A.J. lhe dá, de tal forma que M. considera que A.J. é que é o seu padrinho, realmente.
Mas A. não ficou só nisso. Tendo dado um exemplo de fé e de coragem na ida para o Seminário, deu outro exemplo, o de humildade, ao aceitar que os companheiros de Natal o levassem de volta de ônibus, incluindo a bicicleta. Não lhe ocorreu a idéia de se exibir fazendo a volta de bicicleta e de exibir um ego que poderia ter sido exaltado pela proeza que havia realizado.
Humildemente, aceitou voltar com os companheiros e, desse modo, ofereceu mais um exemplo, mostrou mais um aspecto da boa qualidade da sua recuperação.
Laís/Rio de Janeiro/RJ Colaboração, Grupo Carmo Sion de AA
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